terça-feira, 31 de março de 2009

Novela Mexicana

Ô povinho pra gostar de viajar, esses europeus viu... O resultado é que as passagens de trem, ônibus e aviao variam de preco do mais esculhambado ao mais chique no úrtimo. A passagem da moda é a de grupo. Pega um grupo de amigos, cinco pessoas bastam, e vocês pagam de seis a sete euros pra passar um fim de semana em qualquer canto da Alemanha. Tem ticket que te leva até à Dinamarca, mesmo que seja o cantinho sul dela.
Aproveitando que estamos na Alemanha, somos cinco e gostamos de viajar, resolvemos pegar o tal ticket. O ticket pode ser usado do jeito que a gente quiser, e às vezes é válido até para o transporte local da cidade-destino. Ou cidadeS-destino. Se você estiver à procura de números, visite quantas cidades conseguir em quarenta e oito horas. E corre! Porque tem muita coisa pra ver.
Bem, convida daqui, convida outra ali, acabamos sendo mais que cinco pessoas. Éramos seis. Que nem a novela. Fato nao muito agradável, pois o ticket é para no máximo cinco pessoas, de modo que teríamos que comprar dois tickets, e o preco ia sair quase o dobro. Eu nao vou, vocês vao. Nao, de jeito nenhum, eu que tô sobrando, vocês vao. No way! Eu fico. Fomos todas. Tudo gracas a uma mexicana que furou. A verdade é que a diferenca entre com a mexicana e sem a mexicana nao era tao grande assim, mas somos todas au pairs, e onde se lê "au pair", leia-se "pobre de marre de ci".
Com uma hora de atraso (em parte por minha culpa, em parte por culpa da mexicana), deixamos de drama e partimos para Lübeck. Lübeck é a cidade que abriga o aeroporto (que na verdade é um barraco onde os avioes pousam) com as passagens mais baratas de Hamburgo. Você consegue passagem para Londres por cinco euros, mais taxas. E com sorte, as taxas nao vao ser tao altas. Eu já tinha, por uma infelicidade do destino, conhecido o tal aeroporto, e a ida para lá doeu no peito, e a volta para lá foi muy bizarra, entao resolvi ir nessa aventura de trem com as meninas, para ver se curava meu trauma.
O dia estava chuvoso, chatinho e frio. Mas éramos seis, e seis é quase sete, que é o número da perfeicao. Sete e sete sao catorze, com mais sete vinte e um, gatos têm sete vidas, a alma tem sete camadas, o mundo tem sete maravilhas, sete mares e sete continentes (se dividirmos a América em três, como é de praxe).
E éramos quase sete, o que faz qualquer coisa uma boa coisa. E nos divertimos muito. Visitamos algumas igrejas de Lübeck, uma delas com um calendrário astronômico, enorme e complexo, que me fascinou. E lendo as histórias do bombardeio à cidade durante a Guerra, as meninas descobriram que o aniversário de 67 anos do Bombardeio era justamente naquele dia, onde estávamos naquela Igreja, vendo aquelas ruínas! 29 de Março de 1942!! Louco, né!
Andamos, andamos, fotografamos e rimos muito. E terminamos nosso tour ainda a tempo de... visitar outra cidade!!
Chegamos à Estaçao de Lübeck no último minuto, a tempo de pegar o trem em direçao a Kiel, mas nossa intençao era descer antes, em uma cidade da qual nenhuma de nós jamais ouviu falar, mas que era pequenininha, e dava pra ser vista em cinco minutos. Visitaríamos essa cidade e depois iríamos a Kiel, fazendo um três em um, bem misturado e servido gelado em taça de plástico.
Descemos em Plön. A estaçao de Plön era uma casa (que estava fechada), uma calçada com a máquina de tickets e uns bancos, dois trilhos de trem e, logo ao lado dos trilhos, um caminho à margem de um lago. Nao sabíamos como chegar no caminho, entao olhamos para um lado, olhamos para o outro e... atravessamos os trilhos! Preciso dizer que tiramos mil fotos nos trilhos? Com direito a foto deitada, sentada, andando e em grupo. Lógico, com muitos olhos atentos a qualquer sinal de qualquer trem que se aproximasse.
Andamos pela margem do lago, que era lindo, e de onde víamos quase toda a cidade. Me lembrou o Wörthersee, só que sem montanhas. E fomos ao cais, e voltamos, e entramos no centro da cidade, que é do tamanho da Praça da República, se nao menor. De lá fomos ao "Castelo" da cidade, um casarao antigo, branco, em uma colina, de onde tínhamos outra vista do lago. Muito melhor que a paisagem e que as construçoes, claro, é a palhaçada, as fotos e a Jenn pegando um balao da lanchonete e brincando com ele a tarde inteira, que nem uma criança. Adoro essa menina.
Naturpark, Rathaus, uma mansao com um Jardim enorme, tudo ao redor do lago e pertinho, mas acabamos ficando lá a tarde toda e desistimos de Kiel.
Pegamos o trem de volta a Lübeck, e depois outro de volta a Hamburg, e no caminho de volta, o sol resolveu aparecer e nos presentear com um fim de tarde de cartao postal.
Em Hamburg, sete e meia da tarde (porque aqui já é horário de verao), pegamos o barco que já peguei tantas vezes com minhas visitas turísticas, e vimos o pôr-do-sol lá de cima, e descemos na "praia" de Hamburgo, e caminhamos até o fim, só chegando em casa às dez, quase onze da noite.
Entao, foi que nem na novela. Começa-se com um bom plano de vida, encontra-se um bom dramalhao e uma indecisao do que diabos fazer com o futuro, e acaba-se aproveitando o presente e fazendo um bom final cansado, mas feliz. =)

quarta-feira, 25 de março de 2009

momentos congelados.

Abaixo se seguem as primeiras fotos que conseguimos recuperar. Elas estavam bastante destruídas, por conta das baixas temperaturas a que foram submetidas. Mostram uma menina alegre, em uma paisagem como a descrita no diário. Ainda nao conseguimos descobrir seu nome, mas estamos investigando seus escritos a fundo, para tentar encontrá-la.



terça-feira, 24 de março de 2009

Longas mensagens.

Um pouco mais do diário ensopado...


Österreich, Salzburg, 11 März 2009
sobre o dia em: Österreich, Kärnten. Vilarejo chamado Pörtschach am Wörthersee

Fomos hoje à casa onde a Manuela nasceu e foi criada. Conheci uma parte da família dela, que ainda mora lá. Duas tias, uma prima de 21 anos e a avó. A avó dela tá muito dodói, nao anda mais, nao fala e nao consegue mais expressar emocoes. Esses dias ela soube que ela nao abre mais o olho. Muito triste. =/ E conhecendo ela, nós temos a certeza de que ela tem nocao do que acontece ao redor dela. Imagina o que é todo mundo ao teu redor, falando contigo, e você nao poder expressar reacao alguma.. E quando fomos lá a Manuela levou a Felia para mostrar pra ela. Ver essa cena, a Manuela e a Adele (mae da Manuela) com a Felia no colo, mostrando a nova bebê pra bisavó, foi lindo e me deu tanta vontade de chorar...

...
A casa é grande e uma das tias mora no andar de cima, e a outra no andar debaixo, cuidando da mae. Lá nós almocamos e saímos para passear com a Felia. Fomos eu, Willi, Manuela, Felia, Eva Luca e Eva (a prima). O lugar é absolutamente lindo, daqueles de encher os olhos. Cercado de montanhas baixas, por trás das quais se vê montanhas maiores, essas cobertas de neve. Mas onde nós estávamos estava verde e o sol brilhava e até esquentava um pouco. Era uma cidadezinha pequena e charmosa, com um lago grande que a separa das demais cidadezinhas da regiao. Eu quis ficar lá pra sempre, só pra ver aquele lugar tao lindo ficar cada dia mais lindo, com a chegada da primavera e do verao, e depois do outono. Deve ser lindo demais!
(...)
Uma hora e meia depois de sair de lá, voltamos à neve, ao vento e aos dez graus negativos. A viagem foi divertida, me distraí entretendo o Luca, que é muito infeliz por ser o único ser de 8 anos no meio desse bando de gente entediante e adulta.
(...)
As brincadeiras foram soletrar, rimar, cantar, contar até quatrocentos (e até 10 em português - muito FOFO ele falando português!!) e calcular a diferenca de alturas e de idades entre as pessoas do carro. =)
Ontem também brincamos juntos na neve depois do jantar: costela de porco comida com os dedos, arrancando a carne com os dentes, acompanhada por batata assada de forno, recheada com sour cream. Delicioso!! E no caminho pra casa, afundei num barranco de neve e o Bubi fez sinal pro Luca e os dois se jogaram em cima de mim, me cobrindo de neve até as orelhas! (dentro das orelhas tb!) Eu nao fiquei tao assustada quanto da primeira vez (o Bubi já tinha feito isso de manha e eu fiquei pasma, sem outra reacao a nao ser gritar "seu doido!!" em todas as línguas que eu sabia). Tinha neve dentro da minha roupa, descendo nas minhas costas e dentro da minha bota! E nao tinha como tirar!!
(...)
Eu gritava e gargalhava, e eu perguntei pra Eva "o que eu faco com esses dois?" ao que a Eva respondeu, revida! E eu peguei uma bola de neve e coloquei no pescoco do Bubi, e a Manuela se juntou, e os dois comecaram uma guerra de neve da qual logo toda a família estava participando! Menos a Felia, claro.
=) Divertidíssimo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Eva

Ainda transcrevendo o diário de bordo perdido.


"Salzburg, Österreich, 10 März 2009

Dia MUITO divertido.

(...)

À tarde comecei a ver Finding Neverland, mas antes que o filme terminasse, fui intimada a acompanhar a Eva até a Kaufhaus (cauf raus), que é uma lojinha onde vende quase tudo, para comprar suco de laranja. Fui meio de mau gosto, porque estava cansada e porque queria terminar de ver meu filme, mas como nao tinha opcao, mandei o mau humor passear e fui, pescando assunto para conversarmos. A ida foi longa e cansativa, e eu me perguntava, porque diabos eles nao compravam logo todos os sucos da semana? Ia nos poupar fôlego! Mas sempre que eu saio com a Eva eu me divirto à beSSa, e dessa vez nao foi diferente.
Na volta ela me levou pr'aquele bar onde tem o Aprés Ski, só que dessa vez entramos e pedimos bebidas. Eu nao tive coragem de beber álcool alo dentro, entao pedi um suco de laranja.
Gente. Foi uma piada. A Eva bebendo Glühwein, dancando e cantando as músicas austríacas dos anos 70, no meio de um bando de jovens e adultos bêbados, num lugar mínimo onde mal se podia respirar, com uma música tao alta que nao ouvíamos nossa própria voz. E por onde ela passava os caras falavam com ela e abriam passagem, nao sei se porque ela é velhinha e eles achavam curioso, ou se queriam ajudar, ou se era pra avacalhar. Eu fico com a primeira opcao, mas ela com certeza ia dizer que eles estavam sendo gentis pra poder se aproximar de mim.
E de fato uns falaram comigo, e na saída teve um que parou o carro, abriu a porta e falou com a Eva algo que eu nao entendi, e que depois ela resumiu dizendo "He said you're very sweet." Vai saber o que isso significa. Mas eu nao lembro a última vez que eu ri tanto quanto nesses 20 ou 30 min. E depois ela já estava meio alta, e veio o caminho de volta inteiro falando.
Falou das flores que nascem quando a neve derrete, fenômeno que ela presenciou quando crianca. Durante a guerra eles levaram classes de criancas para passar um ou dois anos em lugares remotos e calmos, porque em Hamburg estava tendo bombardeio.
E ela foi levada pra parte alema dos Alpes, ela tinha 13 ou 14 anos e se divertiu muito.
E ela contou da primeira vez que ela foi a Paris sozinha, quando era jovem. E ela perguntou a um homem na rua como se ia a tal lugar, e ele respondeu que a levaria e mostrou o carro dele, um conversível que estava estacionado a poucos metros.
Ela pensou "se ele tentar fazer alguma coisa comigo eu grito por socorro e todos na rua vao ouvir", e foi com ele.
Ele era gentil e simpático, e a levou numa exposicao de carros antigos e depois ela conheceu a night de Paris e se divertiu muito. =)
(...)"

quinta-feira, 12 de março de 2009

Curtas Mensagens

Mais escritos retirados do diário enterrado na neve da Áustria.

Algumas fotos foram encontradas em um bolso do diário. Estas estao sendo escaneadas, tratadas e recuperadas, para podermos colocá-las aqui.



Österreich, 8 März 2009



(...) Encontramos o Bubi num bar, lotado de esquiadores que tomavam banho de sol bebendo cerveja. É muito cômico, todas aquelas pessoas empacotadas até o pescoco, algumas até os narizes, deitadas em cadeiras de praia, conversando e bebendo, como se estivessem de frente pro mar. E na verdade, eu tive várias vezes a impressao de estar no Atalaia: o vento, o movimento de carros e pessoas, o sol... igualzinho. Mas ao invés de um monte de areia branca, é um monte de neve branca. Saudade de Salinas... Bom, depois de beber e almocar no bar, fomos eu e Eva para a "cidade" fazer compras. (...) Conversamos sem parar, e eu gosto cada vez mais dela. =)

Nos divertimos tirando fotos, entrando em becos misteriosos, deitando da neve e ela até me levou em um bar pra me mostrar o "Aprés Ski" (aprexi), que é a festa diária que lota bares transformando-os em boates. Um zilhao de pessoas em roupas de esqui, bebendo, dancando e paquerando, num bar escuro com música alta e luzinhas coloridas, e até globo espelhado. É muito engracado. =) Às 4 da tarde!! Ainda tem sol lá fora! Ai, ai, esses europeus malucos...

(...)



Bem, à noite saímos todos juntos para jantar (no mesmo lugar que entrei com a Eva, mas estava quase vazio e até silencioso). O lugar parecia ter saído do mundo de Tolkien, do Senhor dos Anéis. Com uma estrutura de madeira clara, pura, cheio de coisas penduradas (espadas, escudos, brasoes e até um timao de navio! e animais empalhados, eles amam isso por aqui, é muito esquisito) e inscricoes em letras medievais de um alemao medieval. É muito legal. Você realmente espera ver a qualquer momento um monte de anoes em armaduras, bebendo cerveja em baldes e grunindo.



(...)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Curtas Mensagens

Mais escritos do diário de bordo ensopado.


Österreich, 7 März 2009

Áustria. Será que a Áustria é assim, por toda parte?
Florestas densas, espalhadas em vales, montanhas, de todos os tamanhos, cortadas por rios que caem em pequenas cachoeiras, acompanhadas pelas estradas que me lembraram muito Minas Gerais. Chegamos no hotel em meio a uma tempestade de neve, com um vento tao forte que a neve cai na horizontal. Eu tô aqui sentindo calor, na sala que também é o meu quarto, num apartamento enorme de um hotel bonitinho (apesar de seus bizarros animais empalhados, espalhados pelo restaurante e pela recepcao). De onde eu tô, vejo pela janela uma montanha gigante coberta de neve e de pinheiros quase todos cobertos pela neve, e neve, neve caindo na horizontal. Nas montanhas eu vejo cercas que foram colocadas ali para nos proteger de uma eventual avalanche, Vejo pessoas subindo no teleférico, sentadinhas com as perninhas balancando com os esquis presos nas botas, subindo, subindo... E depois descendo, deslizando em zigue-zague pela neve, montanha abaixo, desviando dos outros, desviando das árvores, igualzinho àqueles bonequinhos de um video-game que eu joguei quando crianca. Dá pra imaginar que eu ainda tô no Brasil e que a janela é a tela de uma televisao, e que eu nao tô aqui de verdade, no meio do nada, cercada por um monte de neve amontoada. tem partes onde a neve chega a 3m de altura!! Quando eu paro pra pensar que a cidade mais próxima daqui fica em outro país, e que aqui nao passa ônibus, nem metrô nem aviao, nem mesmo helicóptero, e que eu nao sei dirigir, me dá uma claustrofobia que eu nunca senti na vida.
(...)

Lembrei das figuras que eu vejo no trem e no metrô... Ando pouco de ônibus, e geralmente só vejo gente normal lá, mas metrô e trem sao points para encontrar algumas curiosidades... Ontem indo para Paderborn, foi uma menina que sentava na minha frente. Ela estava com uma amiga e em determinado momento a amiga atendeu o telefone e, ao mesmo tempo, a senhora do meu lado atendeu o celular, e por um momento eu achei que elas conversavam, porque cada uma falava num momento, e as falas se completavam! Foi absurdo! Foi tipo:
- Eu tô na Estacao...
- Eu também.
- Ah, vocês também? Ah, entao eu vou descer.
- É? Ok. Tchau tchau!

Foi muito mais coisa do que isso, mas nao lembro direito. Eu fiquei olhando, porque na minha cabeca, a qualquer momento elas iam se tocar de que estavam bem na frente uma da outra. Mas nao aconteceu. A menina desceu e a senhora ficou.
E a garota que ficou sem amiga, algum tempinho depois de a amiga descer, comecou a fazer uns movimentos bruscos, mas leves, com as maos. Fingi nao olhar, mas pelo canto do olho eu vi que ela estava... regendo uma orquestra! Procurei fones de ouvido: nao tinha!! A menina tava regendo uma música, sem música! Louca. =P

(...)

Österreich, Salzburg 8 März 2009

Preces atendidas. O dia nao podia estar mais lindo e perfeito. Vai ser bom e lotado. Hoje é Domingo pé de cachimbo, em plenas férias fora de época na Alemanha, e TODO mundo que veio pra cá vai sair hoje! O céu tá azul azul, e o sol tá nascendo, é lindo como ele ilumina só a pontinha das montanhas mais altas, e depois vai cobrindo, aos pouquinhos, todo o vale. O que dizer? É uma delícia! Eu fui a primeira a acordar e ver esse fenômeno de dia. Vi da cama mesmo, já que minha cama fica bem de frente pra janela da sala. Acordei, abri os olhos e foi dois segundos para um sorriso e uma prece. Obrigado, Pai!
Dá vontade de saber esquiar, só pra poder ir lá pro topo da montanha mais alta. De cima da Pedra nao se fala em horário... E agora, nesse momento, (...) todas as pessoas do Vale dormem, acordam, olham pro dia lá fora e pensam que estao sonhando.
E nenhuma delas saiu ainda, e o teleférico ainda tá parado, e no alto da montanha tudo que existe é pedra, neve, céu azul, sol e paz.

(...)

terça-feira, 10 de março de 2009

Viagem de Carro

Escritos encontrados num diário de bordo ensopado, enterrado na neve da Áustria.





München, 7 März 2009



Estou no meio de uma Autobahn entre Munique e o Vilarejo na Áustria onde vamos esquiar. Hoje é o aniversário da Manuela. Ontem dormimos num hotel perto de Munique. Era um Hotel pequeno, simples e barato, mas lindinho, limpinho e confortável. Dormi em um quarto com a Eva, mae do Willi. Uma senhora desencanada, bem-humorada e educada. Uma ótima companhia! Ela me lembra um pouco a Vó Nice. =)



De manha tomamos café da manha em um buffet completo, no ba do Hotel. Delicioso! Pao e croissants quentinhos, queijo, presunto, salame, peito de peru, mortadela, manteiga, cream cheese e geléias em potinhos de vidro fofíssimos, e um potinho de Nutella fabricado especialmente para Hotéis e Avioes. Tudo de bom! Roubei pra mim. =)



Ontem de manha eu saí de Hamburg com uma mochila super pesada e uma mala gigante, pesada ao cubo, e peguei um trem e um S-Bahn, fazendo Hamburg - Hannover - Paderborn. Foi longo e cansativo, e o primeiro trem se atrasou. Entao perdi o segundo e tive que esperar quase uma hora para pegar o próximo. Em Paderborn encontrei o Bubi na Hauptbahnhof e fomos para a casa da Adele (mae da Manuela - o Bubi é marido da Adele) buscá-la e colocar as coisas no carro pra cair na estrada. Eu tinha esquecido como viajar de carro é divertido. Me bateu uma saudade de viagem pra Salinas! Porque ida pra Salinas tem brincadeira de "A Palavra é", Dica, etc, e com o Stefano entao, é megahilário. =) E sempre tem parada no Celeiro (antigamente era no "Pao de Queijo" em Castanhal) com sucos deliciosos, doce de leite e de banana, e fila pro banheiro e encontros com pessoas queridas que NAO estao viajando conosco. =)
Bom, na minha viagem de carro agora, tem o Bubi falando alemao com dialeto da Bavária, tem paisagens noturnas com chuva no vidro, tem carro a 180km/h no mínimo, tem "pause" num centro de conveniência chiquérrimo, onde a gente dá 50 centavos pra uma maquininha que nos dá um ticket na entrada do banheiro. o ticket depois vale como desconto na compra de qualquer coisa no centro, que tem BurgerKing, cafés, lojinhas e padaria. Ótimo jeito de restringir o uso do banheiro para clientes, nao? Porque desse jeito, quase todos sao clientes: quem vai querer perder a chance de gastar o dinheiro que deu para o banheiro com um snack para a viagem ou um bom café com creme? Muito inteligente, né!
Tem café da manha com Nutela, em um Hotel confortável, tem neve de manha, tem uma vista linda da janela do carro, com montanhas brancas que se confundem com o céu também branco, ainda salpicado de neve branca. =) É lindo!!!
Tem placas de carro de todo lugar da Europa, e placas de trânsito indicando a distância que falta percorrer para chegar em lugares de que nunca ouvi falar: Felden, Grabenstätt, Bad Reichenhall.. Tem ponte de nao sei quantos quilômetros para passar por cima do Chiemsee, um lago gigante que deve ser lindo no verao.
Tem mais um monte de coisa, mas eu conto depois, pois agora estou muito ocupada em ver a paisagem branco-com-branco da Autobahn. =P

segunda-feira, 2 de março de 2009

Gringos falando Português.

Estava Diana com uns amigos em uma festa no sábado à noite, em um clube novo num bairro próximo ao curso de alemao. Todos felizes e saltitantes, alguns dancando loucamente, outros morrendo de vontade de dancar loucamente, porém com vergonha pois a boate nao estava muito cheia e todos veriam, e tinha uma mulher sorridente com uma câmera gigante fazendo fotos de tudo e de todos. Uma bela hora, Vanessa resolve ir ao banheiro, e pede a Diana que a acompanhe. O banheiro da boate era numa porta da mesma cor da parede, e parecia uma coisa meio Harry Potter Plataforma 9 1/2, porque qualquer pessoa que abrisse aquela porta pela primeira vez se sentiria meio estúpida com medo de empurrar e nao acontecer nada. O banheiro era pequeno, entao Diana decidiu esperar por Vanessa do lado de fora do banheiro, sentada em um banquinho, nao que ela estivesse cansada, mas porque parecia uma boa idéia. O banquinho ficava perto da porta da boate, entao mal Diana sentou, entrou um cara moreno, alto, de cabelo comprido escuro, usando óculos e um terno. Tinha um rosto bonito e simpático, e olhou para ela e perguntou em inglês "trabalho novo?" ao que Diana riu e respondeu: "É, você já pode ir pra casa." Era o seguranca da casa, e a Diana estava sentada no banquinho dele. Morrendo de vergonha e de vontade de sair correndo, Diana ficou e nao recusou a conversa que ele puxou, a qual será transcrita abaixo, no respectivo idioma original:

Mann: Und woher kommen Sie?
Diana: Aus Brasilien.
Mann: Brasilien? Porra!
Diana (com cara de choque): Wie bitte?
Mann: Porra!
Diana: Hahahahaha!
Mann: Tut mir leid. Es ist das einzige portugiesische Wort, dass ich weiß.
Diana: Ah so...
Mann: Ich habe ein paar prasilianische Freunde, und wir spielen Fußball zusammen, und sie sagen "Porra" jedes mal. Und ich habe meinen Freund gefragt, was bedeutet "Porra"? Und er hat mir gesagt, es ist wie "Scheiße".
Diana: Nein, "Scheiße" ist "Merda".
Mann: Ach ja! Merda und Carajo!
Diana (tapando os ouvidos): Mein Gott! Stop! Stop!


E agora, a traducao:

Homem: De onde a senhorita vem?
Diana: Do Brasil.
Homem: Brasil? Porra!
Diana (com cara de choque): O quê?
Homem: Porra!
Diana: Hahahahaha!
Homem: Desculpa, é a única palavra em Português que eu sei.
Diana: Ah, tá...
Homem: Eu tenho alguns amigos brasileiros, a gente joga futebol juntos, e eles dizem "Porra" toda vez. E eu perguntei ao meu amigo, o que significa "Porra"? E ele disse, é como "Scheiße" (xaisse).
Diana: Nao, "Scheiße" é "merda".
Homem: Ah, é! Merda e Carajo*!
Diana (tapando os ouvidos): Meu Deus! Para! Para!


Sabe-se que nao é uma história com um linguajar muito culto ou rebuscado, mas achamos que valia relatá-la aqui, para o devido entretenimento dos senhores.

A Direcao.


* Ele falou assim mesmo, como em Espanhol.