quarta-feira, 30 de junho de 2010

Joga pro chão!


- Hum, toda arrumada, já vai pra farra, é?
- Vou, pra minha terapia semanal: bolero!
- Terapia, é?
- É! (batendo o pé) Jogar tudo pro chão!

Não lembro do diálogo, como ele foi de verdade, mas nunca esqueço das palavras da minha tia, a caminho da melhor terapia - dançar. "Jogar pro chão!" A tristeza, a raiva, a energia negativa, o stress, e até o cansaço: bate o pé no chão e joga tudo pra terra. Existe jeito melhor de se livrar de tudo isso?


Acabei de chegar do show do Arraial do Pavulagem, que os alunos da Ufpa tiveram a felicidade de receber hoje à noite no estacionamento do Vadião. Carimbó, xote, reggae, quadrilha... Mas não tem jeito. O que ganha qualquer festa é aquele amontoado de gente na frente do palco, um imitando o outro, fazendo chegar lá na última fileira as coreografias ensaiadas lá na primeira. Todo mundo dançando junto, no mesmo passo, a batida irresistível daquela música essencialmente nortista, maravilhosamente contagiante...

Eu não consegui deixar de notar a semelhança que todas aquelas coreografias têm com as danças indígenas de que eu tenho conhecimento.

Em um dos EIMEPs que participei, teve um dia uma dinâmica com músicas indígenas, e tudo que fazíamos era, em roda, acompanhar com os pés a batida da música tribal. A intenção era se conectar com a Terra e, assim, conectar-se conosco mesmos. Foi maravilhoso, vinte jovens em círculo batendo os pés em uníssono, vibrando na mesma energia e se conectando com o Planeta. Só quem já fez isso sabe como é indescritível. E no final, saímos em fila da sala, ainda batendo os pés no ritmo, e nos juntamos aos outros jovens das outras salas, e fizemos uma grande roda, todos juntos, jogando pro chão. Foi lindo!!

E depois de tanto bater pé dançando música indígena, de tanto levar a perna direita pra frente e pra trás dançando carimbó, brega, depois de tanto bater a perna direita e depois a esquerda, dois pra lá, dois pra cá, no xote, no forró, no bolero, e depois de tanto dançar as coreografias tribais do Arraial, (e mesmo quem não tá no meio, tá dançando, de tão contagiante e vibrante que esses ritmos são), a gente vai pra casa "breado", ensopado, encharcado, quebrado, moído, mas sorrindo - e leve, incrivelmente leve!

Agora me diz, isso lá acontece depois de dançar uma valsa?



Arrastão do Pavulagem, na Praça da República



Fotos:
http://cacofeapa.blogspot.com/2009/07/arraial-do-pavulagem-inicia-o-veraneio.html
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/img/indios.jpg
http://www.flickr.com/photos/murilodeirane/1577263889/

quinta-feira, 3 de junho de 2010

sobre distâncias, amores e afins.

Muito já foi escrito sobre saudade. Sobre a dor da distância, sobre a dificuldade de se ter um namoro "virtual", ou pelo menos "não-presencial". Seja por causa de viagens, seja porque você deu o azar de se apaixonar loucamente por um cara que não mora na sua cidade, ou seja porque vocês já namoravam e ele foi embora - e nenhum dos dois conseguiu terminar.
Dói. E como dói.

Mas acho que pouco foi escrito sobre como manter um relacionamento assim. Falando com o Bê ontem - e me espocando de rir dentro do ônibus -, ele me pediu encarecidamente que eu revelasse a fórmula mágica que mantém relacionamentos à distância.

- Égua, me explica. Tu me dizes que depois de Europa, um ano na Alemanha, confusão, distância, vocês ainda estão juntos?
- Estamos!
- Meu Deus, se eu fosse pra Europa, eu... não sei, eu...
- Ficava solteiro?
- É! Não! Gente, como vocês aguentaram? Diana, isso não se faz! Tu não podes saber de uma coisa dessas e guardar ela só pra ti, tem que divulgar, tem que contar pra todo mundo! Que egoísmo esse teu, caramba!
- (gargalhando) Tá bom, Bê, eu te conto.
- Conta? Jura? Escreve um Best-seller pra mim?
- (chorando de rir) Best-seller! Hahahahaha! Tá eu escrevo. Mas eu vou colocar no blog, tá?

É, assim sendo, cá estou eu.
Mas parando agora pra pensar no que escrever, me dei conta de que eu não sei!! Me lembrando de quando eu viajei para fazer intercâmbio... A gente na verdade tinha pensado em terminar - sabe como é, um ano distantes, queríamos evitar a possibilidade de terminar por telefone... Aí ia ser eu na minha, ele na dele, eu lá e ele cá. E, claro, se falando todo dia, se dizendo "eu te amo", sentindo saudades e querendo tá perto. Isso não parece namoro pra vocês?

Então na última hora decidimos: vamos continuar namorando. Se algo acontecer, aconteceu. Mas se a nossa vontade é ficar juntos, que então fiquemos juntos.

Eu não vou dizer que foi fácil. Mesmo quando ele também foi pra Alemanha e ficamos separados por uma estrada de 800km em vez de por um Oceano inteiro... Foi horrível pra ele, quando ele ainda estava no Brasil, ouvir minhas histórias, ver fotos e perceber o mundo de pessoas que eu estava conhecendo, e saber que ele não era parte de nada daquilo, por mais que quiséssemos que fosse. E depois, foi muito tosco saber das baladas diárias que ele tinha na Universidade de Stuttgart, da liberdade dele dentro de uma casa de estudantes com vizinhas gostosas, das viagens sem mim porque eu tinha que ficar em casa e trabalhar.
E o jogo? Quem pegar estrangeiros, 1 ponto. Quem pegar estrangeiros raros, 10 pontos. Quem pegar Alemães em alemão, 3 pontos. Quem pegar brasileiros, 5 pontos negativos. Quem tiver namorada e pegar qualquer um deles, 50 pontos. =P
(Não lembro dos números, tô inventando.)

Pois é, era uma situação bem crítica. Mesmo morando no mesmo país, estávamos em momentos diferentes, e momentos diferentes é bem pior de segurar do que países diferentes.
Mas em momento algum deixamos de conversar sobre isso - conversas sinceras e às vezes turbulentas, mas sempre sinceras.

E no fim de cada conversa o que ficava claro era uma coisa só: nos amávamos, e isso que importava.

E apesar da saudade, das DR's, das lágrimas, das desconfianças e das confianças também, acho que a gente se saiu muito bem. =)
E eu creio que o mais fundamental pra que desse tudo certo, foi que ambos tinham plena certeza do amor que temos um pelo outro, e da vontade enorme de que continuasse dando certo.

E deu! Logo logo vamos completar 4 anos e meio de namoro (sendo tanto o aniversário de 3 anos, quanto o de 4 anos, "comemorado" pelo skype.). 4 anos e meio de cumplicidade, de respeito e de muita alegria!

Não é lindo?