sábado, 31 de janeiro de 2009

Berlim v.1.0

Dia 13 de Janeiro, dez pra onze horas da noite, recebo um email da minha prima dizendo que estava chegando em Berlim, e perguntando se eu nao tinha como ir pra lá. Era uma terca-feira. Minhas folgas sao nos fins de semana. Meu dinheiro estava sendo guardado pra levar pra Paris, e a passagem de trem Hamburgo-Berlim de última hora custava 136 euros ida e volta.
A resposta, claro, foi nao, nao dá.
Eu já tinha dado boa-noite, vestido o Schlafanzug e escovado os dentes, e quando fui desligar o notebook tinha um novo email. A gente te dá a passagem, vem amanha e volta amanha mesmo.
Como assim!!! Viagem surpresa pra Berlim, no meio da semana, pra encontrar minha prima linda, e ainda kostenlos (de graca)!! Demais pra mim.
Me enchi de coragem e perguntei pra Manuela se eu podia ir. Ela falou que nao tinha época melhor pra fazer isso, porque o Willi ainda estava de licenca paternidade, portanto em casa e com tempo pra ajudar com o bebê.
Entao fiquei até uma da manha arrumando minhas coisas, colocando as roupas lavadas em cima do aquecedor pra secar, arrumando a mochila e separando a roupa que eu iria usar no dia seguinte. Nao consegui dormir direito, com medo de perder a hora. Peguei o trem das 5:54 da manha, acordando às 4:30. Quer dizer, acordando nao, levantando, porque acordada eu já tava há muito tempo.
Cheguei na estacao e comprei minha passagem, que era para 7h da manha. Assim, eu ia ter meia hora pra comprar alguma coisa e tomar café, e assim o fiz.
A viagem foi relativamente rápida, mas definitivamente agradável, o trem era lindo e novinho, e eu sentei no vagao restaurante, dividindo a mesa com mais dois senhores. Um lia o jornal, outro trabalhava (acho que era advogado) e eu lia meu livro sobre a Pedagogia Waldorf que, devo aproveitar pra dizer, me deixa cada vez mais apaixonada!!
Li a viagem toda, e quando nao estava lendo, estava olhando a paisagem que amanhecia, e tentando tirar fotos. Mas o trem era rápido demais, e todas as fotos ficaram borradas...


A paisagem na janela.

Bom, cheguei em Berlim e lutei pra me achar. A Hauptbahnhof de lá é totalmente diferente da de Hamburgo, e o funcionamento é parecido, mas nao igual, de modo que demorei pra achar o caminho que eu deveria tomar, e mais ainda pra comprar a passagem (tem uma máquina pra pedir o bilhete e outra pra pagar - que idiotice!).
Depois a luta foi achar o caminho pro Hotel deles. O Google Maps tinha me dito mais ou menos por onde ir, o que me ajudou na hora de perguntar onde ficava a rua tal ou a rua tel.
Peguei S-Bahn, Bus e fußweg (caminho a pé =P) (se lê Fúss Vek). Encontrei o hotel e, que feliz, a moca da recepcao disse que eles tinham... saído!!! Chorei, esperneei, pedi pelamordedeus, o que que eu faco? (tudo em alemao!) E ela disse que nao podia me ajudar em nada, e eu já tava quase desistindo quando ouvi a voz da Lu "Di?". Dhâr, eles estavam no restaurante tomando café da manha, e tinham deixado recado na recepcao pra eu encontrá-los lá, mas a mulher esqueceu. Lesona.
Ai, abracar a Luciana e o Flávio foi um alívio, aliás abracar qualquer pessoa aqui é um alívio, porque dá a sensacao de estar em casa. Aquilo que falam sobre europeus serem frios etc, nao é verdade, eles sao muito gentis (pelo menos as pessoas de Hamburgo) e sorridentes, muito educados e acolhedores, mas nao abracam se nao sao da família ou se nao sao melhores-amigos-de-infância. Nao basta ser amigo de infância, tem que ser o melhor amigo!!
Bom, eu, brasileira, com mania de abracar até quem eu acabo de conhecer, sofro um pouco com a idéia de que ninguém me curte, assim, um sentimento de rejeicao, mas a gente supera. kkk
Por isso eu descarrego todo o meu desejo por um abraco nas pobres pessoas gentis que ousam me abracar por aqui, e eu tenho que me controlar muito pra nao apertar tao forte e pra largar logo. kkk
Enfim, voltando à história. Pegamos um daqueles ônibus de turismo que a gente paga pelo dia, senta lá em cima, ouvindo a narracao em seis línguas (nao tinha português ¬¬) sobre os prédios e os lugares que a gente passa, e pode descer, andar, voltar, subir e descer de novo etc.
Foi divertido, vimos quase todos os pontos turísticos (de fora), descemos em alguns (mas só olhamos de fora) e subimos em um deles, a torre da tv, com a construcao mais alta da Europa, se nao me engano.
De lá a gente vê Berlim todinha, porque é um círculo e a gente pode andar. E tem dois andares. O primeiro é a vista panorâmica e o segundo é um café-restaurante giratório! A gente senta na mesa e a paisagem da janela fica giraaando, e dá uma volta completa a cada 30min. É bem legal. =) Só nao foi legal a comida que a gente pediu, nós e o nosso alemao perfeito (e inglês), nao entendíamos muito bem o que estava dizendo no cardápio (eu acho mesmo é que o cardápio foi mal escrito) e pedimos umas coisas, assim, exóticas, pra nao dizer ruins. =P
Saímos de lá com pressa e quase sem tocar na comida, e com muita raiva da garconete mais atrapalhada que eu já vi na vida.


A vista de cima da torre.


O almoco.

Outro lugar que a gente entrou foi uma fábrica de chocolate que tinha todas essas coisas lindas feitas de chocolate, e umas esculturas de chocolate e uma fonte de chocolate em forma de vulcao... Era lindo!! E foi dica do motorista do ônibus de turismo. kkk
Encontramos também alguns pedacos do muro de Berlim que estao espalhados pela cidade... É muito engracado, você tá andando e de repente tem um pedaco de concreto (ou três) todo colorido e com chicletes grudados do lado... =P~~~ E vimos um lugar super impressionante com blocos que lembram túmulos (mas nao sao), uma construcao em homenagem aos judeus mortos durante a guerra...


Memórias da guerra.


Pedaco do muro de Berlim.


Pichacao no muro.


Chicletes no muro.



Enfim, depois do almoco nao deu tempo de fazer muita coisa a nao ser voltar pra Hauptbahnhof, porque eu tinha um trem pra pegar pra voltar pra casa... Mas eu me diverti muito, e foi definitivamente uma aventura surpresa. =)
Meu trem atrasou, cheguei em Hamburgo tarde, supercansada, perdi minha aula de alemao... Mas ah, quem liga? Eu ganhei abracos! =D


Konzerthaus


Brandeburg Gate


Os donos dos abracos!



Essa era só uma das esculturas que tinham num estande da Legoland Deutschland. =) Um Einstein de Lego! E tinha a minha altura, eu acho! E os olhos mexiam!
Reparem nos personal dentistas dele. Prontinhos pra escovar a língua. kkk




Uma propaganda que tava numa farmácia em Berlim. Diz assim: "Pouco cabelo? Ronaldo usa Crescina. (disponível) nesta farmácia."

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

As melhores fotos...

... estao na câmera do Filipe.



Paris!



Ir para o Louvre ou para Notre-Dame? Oh indecisão...



O tio Deda também fez participacão especial.



O cara bem que tentou correr... Mas mesmo assim a foto ficou boa. =D



Isso é só a entrada do Louvre. Passamos meia hora lá.



Dá vontade de fotografar tudo que aparece pela frente...



Ai, encontrar gente querida no exterior é tao bom!!



Linda, linda, linda. Basiliqué du Sacré-Coeur.



Mil fotos brincando com a Torre Eiffel. =D



Facam cara de "a gente tá em Paris".

No metrô.



Felipe: Ei, a gente nao tem que descer na próxima?
Diana: Nao sei, pra onde a gente tá indo mesmo?



Felipe: Ih Diana, acho que a gente tá perdido.



Diana: Ah, Filipe, e daí? A gente tá perdido em Paris!





Fotos: Izadora Mosso Schettert

Saiba

Composição: Arnaldo Antunes

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você...

The life is beautiful around the world...

Viajar. O que isso significa? Bom, se a gente for prestar atencao em como a palavra normalmente é usada, temos várias possibilidades. A primeira, claro, é sair do seu ambiente diário e passar um tempo em outro ambiente. A segunda, conhecer outros lugares. A terceira acho que seria cometer um equívoco, entender algo erroneamente, ou falar alguma coisa sem sentido. A quarta seria sair da sua realidade, física ou mentalmente.

Mas quando eu digo: viajar. No que você pensa?

Pra mim "viajar" sempre foi me aventurar. Que fosse pra Vila dos Cabanos ou pra Salinas. Eu vou viajar. Ora, eu tô saindo do meu ambiente diário, da minha realidade, para um lugar que eu já conheco, e que gosto. Mas vou me aventurar, fazer coisas diferentes, mudar de ares. E quando eu pensava em viajar pra um lugar que ainda nao conhecia, a aventura era ainda maior. Era uma viagem rumo ao desconhecido (que claro nao era totalmente desconhecido porque isso me apavora), de onde eu traria coisas novas.
Mas sempre que você vai pra um lugar você leva coisas pra lá. Além da sua bagagem, claro, você leva o seu olhar, as suas idéias, as suas opinioes e, mais frequentemente, todos os seus preconceitos. Vou pra Sao Paulo. Credo, aquela cidade cinza, cheia de engarrafamento e poluicao, onde as pessoas falam tudo errado... Vou pra Minas. Eras, aquelas montanhas verdes, que nao acabam mais, aquele frio do cão, onde o povo fala as palavras pela metade... Vou pra Bahia. Credo, eu penso na palavra acarajé e já me dá dor de barriga, aquele povo preguicoso, que vive estirado numa rede, quando nao tao batendo lata... Vou pro Rio. Credo, aquele lugar lindo mas cheio de violência, de assaltos, de gente pobre na rua...
E com os outros países, entao, nem se fala. Fala Paris. Pensa em Torre Eiffel, restaurantes caros e pessoas rudes que nao gostam de falar inglês. Fala Amsterdam. Pensa em pessoas drogadas fazendo sexo sem camisinha. Fala Alemanha. Pensa em Hitler e em judeus morrendo asfixiados e em pessoas falando uma língua dura com caras de poucos amigos. Fala Dinamarca! Hum... Kopenhagem, ah, aquele chocolate... Fala África! Negros morrendo de fome sendo comidos vivos por abutres. Nao? Fala Estados Unidos! Ixi, nem vou comecar. Ah, todos temos preconceitos. E todos temos imagens inacabadas das pessoas dos outros lugares, aquelas pessoas que a gente nao conhece... Mas a impressao que dá é que nunca essa imagem é igual à imagem que temos de nós mesmos.
Eu sempre pensava na Europa como o lugar ideal pra se viajar, aquele lugar dos sonhos, onde tudo é perfeito e as pessoas sao assim e assado, mas como quer que fossem, eram superiores, só porque moravam na Europa. A mídia, os filmes, a propaganda que se faz desses lugares é tao grande que, ou a pessoa ama porque acha que é o lugar ideal, ou a pessoa odeia porque o lugar é ideal demais.
Sei lá, posso estar falando besteira... Mas a verdade é que eu nunca tive uma imagem real de como as coisas eram fora do Brasil. Como eu ia saber? Quem já foi fala, os filmes falam, mas sempre fica aquele preconceito martelando. Nao falo de preconceito tipo discriminacao, mas pré-conceito, aquela idéia que se tem antes de conhecer a coisa em si.
E quando você de fato chega no lugar, e mais ainda, MORA no lugar, e conversa com as pessoas, e convive com a cultura, e ouve as opinioes, e vive o mesmo dia-a-dia, alguma coisa em você muda, e aqueles pré-conceitos comecam a ser derrubados, e você acaba descobrindo que vocês sao todos iguais.
Essa é a minha descoberta.
Somos todos iguais, nao importa quanto dinheiro eu tenho, quanta melanina eu tenho, nem quantos R's ou L's tem no meu idioma. Nao importa onde eu nasci nem quantas paisagens bonitas tem no meu caminho de casa pro trabalho. Todos nós temos problemas, todos nós temos medos, todos temos sonhos e desejos de vê-los realizados. Todos queremos ser felizes. Todos queremos ser amados. Todos queremos nos sentir em paz.

Hoje vi os vídeos com a entrevista do Robert Happé que o Felipe mandou, gracas ao email sobre o Robert Happé que a mamae mandou. Porque é assim, basta a gente lembrar de uma pessoa quando lê uma coisa legal, e mandar pra essa pessoa, porque essa pessoa vai passar adiante, e a corrente do bem se constrói.

No vídeo ele falou, entre muitas coisas lindas, uma que eu anotei e que transcrevo aqui.

"Eu viajei pelo mundo todo, e nunca encontrei um povo que nao fosse capaz de amar."

Tudo se resume à capacidade que nós temos de amar, e à prática que damos a essa capacidade. Porque se você ama uma pessoa, e mostra esse amor, nao tem como essa pessoa nao te amar de volta. Nao falo de amor sexual. Mas amor humano, o amor que é o contrário do medo, e nao do ódio. O amor que constrói e que cria, e que é capaz de mudar o mundo. O amor que toda crianca precisa receber, e que toda crianca nasce capaz de doar.

Porque você pode estar em qualquer parte do mundo, mas quando você poe em prática esse amor, você nunca está sozinho.






Aqui estao os vídeos do Robert Happé, pra quem quiser assistir:

http://www.youtube.com/watch?v=ZMRlBAHS1XI
http://www.youtube.com/watch?v=5lEEsZg1m98&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=dgPSUb_pnIo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Z8SWTpLkLig&feature=related

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Mais um presente da Cecília pra gente...

.


Nao busques para lá.
O que é, és tu.
Está em ti.
Em tudo.
A gota esteve na nuvem.
Na seiva.
No sangue.
Na terra.
E no rio que se abriu no mar.
E no mar que se coalhou em mundo.
Tu tiveste um destino assim.
Faze-te à imagem do mar.
Dá-te à sede das praias
Dá-te à boca azul do céu
Mas foge de novo à terra.
Mas nao toques nas estrelas.
Volve de novo a ti.
Retoma-te.






Lu's, esse livro foi um dos melhores presentes que eu já ganhei. =)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Viel Glück

Escovei os dentes, vesti o Schlafanzug (roupa de dormir) (leia-se xláf antsuk), lavei o rosto e vim checar os emails. Flutuava um email da Jenia, dizendo que as meninas estavam combinando de sair daí a algumas horas, para comemorar o aniversário da Ilona. Eu juro, eu tava cansada, sem vontade nenhuma de me arrumar, e sem pique pra ficar na rua até sete da manha de novo.
Respondi isso.
Ela respondeu em alemao, dizendo que todas estavam cansadas e todas queriam voltar cedo, mas era o aniversário da Ilona, e nao podíamos deixar passar. "werde mich sehr freuen, wenn du kommst." (eu vou ficar muito feliz se você for) Ow god...
Ok, eu vou. Mas volto antes da meia noite.
Coisa de Cinderela, eu sei. Mas com certeza íriamos praquela rua de novo, e lá nao é exatamente o lugar que eu quero ir toda semana.
Bem, me vesti, falei com o povo aqui, jantei, saí. Cheguei super atrasada, o trem e o metrô que eu preciso tomar pra chegar lá demoraram horrores. Desvantagens de se morar quase fora da cidade.
Encontrei a Shannon e a Katharina, outra russa, na frente da Subway. A Katharina fala pouco inglês e fala um alemao tao rápido que nem os próprios alemaes entendem. Mas ela é muito engracada. Parece meio louca quando a gente a vê pela primeira vez, mas conversando com ela, a gente nota logo que ela é muito cabeca fria e sabe o que quer da vida.
Encontramos a Ilona e a Jenn num bar que na frente se lia "Live Music", mas nao tinha musica ao vivo ainda. Chegamos lá super cedo! A rua nao estava lotada como da outra vez, as pessoas ainda nao estavam bêbadas caindo pelas tabelas, e a pista de danca era toda nossa. Entramos em três ou quatro lugares, primeiro procurando um lugar onde se pudesse conversar sem precisar gritar. Depois, procurando o lugar onde dancamos na semana passada.
Conversas cômicas, inglês, alemao, tudo misturado, cinco mulheres loucas dancando e se divertindo numa pista de danca vazia, fazendo pose pra foto, saindo mal na foto, mas rindo muito.
Nem percebi o tempo passar, quando vi já era uma da manha!
Meia hora depois, chegava na Hauptbahnhof pra descobrir que meu trem só ia sair 3:03 da manha. De jeito nenhum! Nada como uma vontade louca de chegar em casa, até inventar caminhos novos a gente inventa. Peguei um metrô demorado até estacao X e de lá um ônibus Y pra chegar em casa 2:30. =)
Noite ótima!


Fotos psicodélicas da nossa personal discoteca.









Peaceful...



terça-feira, 13 de janeiro de 2009

indo e voltando




Orgulho e Preconceito

Vocês já viram a distância entre a Alemanha e a Turquia? Tem bem uns 10 países entre elas. E sabiam que dentre as cidades que mais têm habitantes turcos, a terceira fica na Alemanha?
Quando a Manuela estava no Hospital, ela dividiu o quarto com um casal turco que também tinha acabado de ter neném. O marido falava um alemao culto, com muito vocabulário e quase sem sotaque. A mulher nao falava alemao nenhum. As visitas que ela recebia eram de pessoas turcas, que falavam turco e usavam lencos na cabeca e roupas cheias de pano. Eu acho lindo. Mas fiquei me perguntando... por que?
Willi me explicou que após a Guerra, a Alemanha estava praticamente no chao. Tudo muito destruído, e os Estados Unidos investiram muito dinheiro para que o país se reerguesse. Havia o dinheiro, o espaco e muita vontade de crescer, só o que faltava era mao de obra. De modo que pessoas estrangeiras, principalmente da área mais pobre da Turquia, onde há pessoas morrendo de fome todos os dias, e nao há educacao, nem trabalho, e cada um sobrevive do que planta, enviaram seus homens fortes para a Alemanha, para trabalhar e ajudar a sustentar suas famílias na Turquia. Nao precisava de instrucao, nem da lingua. Só de músculos.
Assim, com o passar do tempo, grandes comunidades turcas se instalaram por todo o país, e cresceram, e cresceram, e hoje estao na terceira ou quarta geracao, mas sem muita interacao com a sociedade local.
O que ocorre é que devido ao fato de a cultura turca ser muito diferente e conservadora, com seus casamentos arranjados e suas tradicoes, onde os homens saem para trabalhar e as mulheres mal saem de casa, eles vivem no seu mundo, com seus restaurantes, suas lojas, às vezes até mesmo suas proprias escolas, sem necessidade de aprender o idioma do país. Isso gera alguns conflitos inclusive entre os membros da família, pois os jovens conhecem pessoas alemas, têm amigos alemaes, falam alemao e querem se divertir como jovens alemaes (afinal eles nasceram aqui!). E os pais nao aceitam, a familia acha ruim e eles enfrentam uma batalha diária (principalmente as meninas) para conseguir entrar na Universidade, ter empregos e construir suas vidas como preferirem.
Nao é regra sem excessao. Manuela e Willi têm alguns amigos turcos, mas que vivem sua cultura, mas com um toque "moderno". Mantêm algumas tradicoes, mas interagem com a sociedade onde vivem, falam o idioma e seguem as regras.
O principal problema desse quadro é que alguns jovens, em sua maioria homens, nao aceitam as duras regras da sociedade turca, e tambem nao querem ser alemaes. Nao conseguem emprego facilmente e nao fazem parte das próprias famílias, por revolta contra sua rigorosidade. Assim, acabam na marginalizacao, e parte dos problemas com crimes na Alemanha sao atribuídos a esse tipo de gente. Isso gera um preconceito contra os turcos, o mesmo que os negros sofrem em alguns lugares.
Isso me fez pensar que em toda parte há esse tipo de história. Sempre vai ter a sociedade pobre que se instala no meio do país rico, mas sem se misturar, por medo de perder sua própria cultura. De quem é a culpa? De quem chega ou de quem recebe? Uma coisa leva à outra... E como anda o preconceito no Brasil?

Do tempo que o dia ganha todo dia.

A primeira coisa que me surpreendeu, no primeiro dia que eu estive aqui, foi a hora que o sol se pôs. Estávamos num Weihnachtsmarkt (váinartsmárkt) em uma fazenda, chegamos lá de manha, e algumas horas depois já estava completamente escuro. A primeira coisa que eu pensei foi que nao tinha notado o tempo passar. Perguntei que horas eram: hum, três e meia. (!!!!!) Como assim três e meia? Da tarde? É.
E agora, dia 13 de Janeiro, a tarde se estica a cada dia, e cada vez mais rápido. Ontem olhei meu teto solar, ainda estava claro, no lusco fusco da tarde. (essa expressao só me lembra A Euterpia) Olhei no relógio: 17h.
Minha maior dúvida nao era por quê isto se dá, mas sim como. Será que o sol anda mais rápido? Que a Terra está girando num ângulo que aqui é mais rápido, mas em Belém é a mesma coisa? Nao faz sentido. E aí reparei que o sol nao faz o seu trajeto natural. Nao nasce no leste, sobe, sobe, fica lá em cima e desce para se pôr no oeste. Ele faz uma caminho engracado, anda pelo céu na horizontal, e se poe alguns "metros" distante do ponto onde nasceu. Ele nao chega a subir!
Isso faz com que os dias sejam curtos, mas muito claros e numa temperatura baixa, porque os raios do sol nao chegam de fato a esquentar. E o tempo inteiro, enquanto ele está lá, a luz é de 7 e meia da manha! =)


PS: Conversando com a Janine outro dia, chegamos à conclusao de que enquanto o Brasil está no "passado" em relacao à Alemanha, a Austrália está no "futuro". Se a Alemanha é o zero, o Brasil está no -4 e a Austrália no +9! Entao enquanto nós estamos almocando, a minha família está tomando café da manha e a dela está jantando! Nao é legal?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Girls just wanna have fun.

Lua cheia. Noite clara. Madrugada de Sábado. Isso pode ter muitos significados. Pra uns pode ser desculpa pra encher a cara. Pra outros, o clima perfeito pra uma noite romântica. Pra mim, bem... Saudade do meu namorado. E eu tenho certeza que é culpa da lua o meu cabelo estar assim.
As meninas me chamaram pra sair. Que meninas? Nem eu sei direito. Uma delas é brasileira de Belo Horizonte, conversei com ela por Msn. A outra é canadense, me adicionou no facebook. Eu disse que eu ia, fiz mapa e tudo, mas put grila, que cabelo é esse?!
Ah, já era, eu disse que eu ia, agora eu vou. Fui.

Marcamos o encontro na casa da Shannon, a canadense (lógico). Segui meu mapa à risca, copiado do google maps. Cheguei no número 22. Uma casa branca enorme, com muitos apartamentos, sem porteiro. Acho que nenhum prédio daqui tem porteiro. Tinha o porteiro eletrônico, com um sobrenome em cada botao, mas dela eu só sei o nome, e nem o sobrenome deve estar aqui, porque a casa nao é dela. E agora! Celular sem crédito. Nem o número dela eu tenho, mas eu podia ligar pra brasileira... Ai, isso que dá ser despreparada.
Ouvi alguém falando inglês, se aproximando. "Yes, I'm in front of the building..." É a Patrícia! (A brasileira, lógico.) Que sorte!
A Shannon mora na casa da família que a recebeu aqui, do mesmo jeito que eu. Ela também é Au Pair, e tem um quarto com entrada própria e banheiro. Também herdou toda a lou(SS)a, os móveis e objetos de decoracao que a família nao usava mais e nao tinha onde enfiar, a diferenca é que a minha família tem um porao que talvez seja maior que a própria casa, e a sala de objetos-que-nao-estao-sendo-usados é uma piscina. Enorme (da minha altura, e com uns três metros e pouco de largura). Ahan. No porao.
Mais duas garotas juntaram-se a nós. Uma finlandesa e uma russa. Na verdade eu que me juntei a elas. Bom, fiquei logo louca para encher as duas de perguntas sobre seus respectivos países, mas me contive. Not for long, of course. =)
O objetivo do encontro prévio era economizar na bebida. Bebendo lá, elas nao precisariam pagar os drinks caros do bar, só no máximo algumas cervejas...
Eu me contentaria com a minha fanta laranja e meu redbull, mas acabei tomando um copo. Tava bem gostoso. Mas um já tá bom, nao queremos ficar porres no país alheio, né? Pelo menos eu nao quero. =P
Fomos pra uma festa numa casa noturna famosa daqui. O nome da festa era algo com MIX80. Só ia tocar música anos 80. Ficamos nos perguntando o porquê do "Mix". A Patrícia descobriu que era misturado gays e heteros, homens e mulheres, todo mundo. Reza a lenda que festas gays, ao menos em Belém, sao as melhores. Como minha intencao era só dancar sem nem abrir os olhos, fui empolgada e até tomei banho e me vesti ao som da trilha sonora de "Grease" (apesar de Grease ser do final dos anos 70).
Chegamos na tal festa e descobrimos que, sim, a música era anos 80. Década em que nascemos, todas nós na casa dos 20. Mas as pessoas da festa, durante a década de 80 estavam na casa dos 20, 30 ou até mesmo 40... Tinha gente muito velha lá! Quase saímos correndo. Mas nao. Saímos andando.
Pitstop no Burger's King (me arrependo profundamente de nao ter comido nada), e voltamos pro metrô.
Agora vamos pra festa de verdade. Só nao contem pros nossos pais... Estamos na Reeperbahn! (se lê assim mesmo.) A rua principal do red light district mais famoso. Nao sei se da Alemanha, da Europa ou do Mundo. Sei que é famoso. St. Pauli, suas prostitutas, seus sexshops, sua rua-onde-só-homem-pode-entrar. (Tem portao e tudo!) St Pauli e seus bares lotados, suas ruas lotadas, suas calcadas lotadas, suas luzes, suas cores... Gente, é uma loucura! Quem está atrás de farra está no lugar certo.
Entramos em um bar X, onde tocava uma música alta, meio rock, meio techno, meio alterna, uma coisa assim, meio dancante, entao entramos e dancamos. Só isso! Nao tem dessa de sentar numa mesa, ficar conversando e comendo nao. O bar é uma pista de danca, e lotada. Dancei que suei! É muito bom ser turista. A chance de esbarrar em algum conhecido é alguma coisa abaixo de 1%. E mesmo assim, aqui ninguém tá nem aí. Acho que eu era a única prestando atencao em como os outros dancavam engracado!
Depois de algum tempo, saímos de lá e fomos atrás de outro lugar. Entramos num Irish Pub que chamava "99 cents". Tudo que era drink ali custava 99 centavos de euro. Elas pediram uma vodca pra cada e, quando veio, veio num copo menor que o de tequila. Snaps! (Eu pedi uma água com gás e, bem, veio em um copo tamanho normal.)
De lá saímos e entramos num lugar onde na frente se lia "sportsbar". A garconete-dona era uma velha meio gorda, do cabelao preto e cheia de tatoos. As pessoas ao redor tinham cabelos espetados com gel, alguns com moicano, alguns (muitos) com cabelos coloridos, todos com muitos piercings, de preto, maquiagem no rosto.... Música: punkrock. Garconete: punkrock. Pessoas: Punks. Gente, eu entrei num bar punk! kkk
As meninas pediram uma cerveja ruim, uns caras estranhos puxaram papo, e na primeira oportunidade, saímos.
Tava muito frio lá fora!! A melhor coisa em ser turista - isso foi comentado entre nós - é que essa é a desculpa perfeita pra qualquer idiotice que você fizer. A gente pega ônibus pro lado errado, compra o bilhete de metrô errado, atravessa a rua com o sinal vermelho, quase perde o trem porque nao consegue abrir a porta (é, eu.)... E nada disso importa, é só virar e dizer "Hey! I'm a tourist!", e as pessoas param de te olhar, seguem com as suas vidas e te deixam em paz.
Nós soubemos aproveitar bem essa vantagem. Na hora do frio, andar na rua pulando e dancando (mas aqui nao tem música! Kein Problem. Vamos cantar!) e cantando alto... Parando no meio da calcada e fazendo uma rodinha apertada pra barrar o vento, enquanto decidíamos a next stop...
Bem, tava muito frio, entao entramos no primeiro bar mais decente que apareceu. Ao contrário dos anteriores, esse era um "Rauchen Bar" (raurren bar), o que significa que pode fumar lá dentro. Já tomei dois banhos e o cheiro de cigarro ainda nao saiu do cabelo.
Enfim. Tinha uma mesa de pebolim, futebol de mesa, como queiram. Aquele "tró(SS)o" com bonequinhos que dao cambalhota mas nunca andam, tadinhos... E as meninas prontamente arranjaram uma moeda para jogar.
Cinco mulheres, quatro delas muito bonitas, jogando futebol de mesa. Imediatamente lotou de homem ao redor pra assistir. Ô vergonha... Eu nunca tive coordenacao motora pra esse jogo... Mas vá, até que me saí bem. E eu e a Shannon ganhamos!
Assim que saímos de cena chegaram dois garotos querendo jogar com elas. Eles jogaram umas seis rodadas, os meninos contra Patrícia e Jen (a russa).
Bom, pra mim o resto da noite se resumiu a dancar, jogar e descansar. Eu estava morta e faminta. Tô muito velha pra essas coisas...
Cheguei em casa às 7h da manha. Na próxima vez eu prometo que chego às 6. =P

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Chuva Silenciosa



O unico barulho que a gente ouve é o do vento nas folhas.













ps: desculpem a filmagem tosquíssima. kkk

Felia Lucia Petersen

Nasceu. =)
9/9/2009 às 8h20
50cm.
Linda como uma gotinha.
Depois coloco foto aqui!
"Se o brilho das estrelas dói em mim, se é possível essa comunicacao distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela tremula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma."
(Clarice Lispector)

Vocês nao se sentem assim também?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Saga da Árvore

Procurar, procurar, procurar.... A busca pela perfeicao...



Encontrar!
Agora, cortar...


Madeira!!


Grandona, ein?


Ufa! Tá na sala. E agora?


Tira a rede... Cuidado!


Tcharan!


Olha como ficou bonita na sala!!


Agora é enfeitar!!




Enfeitar...


Enfeitar....



E enfeitar.




E enfeitar um pouco mais.



Só falta a estrela no topo.
Tá quase lá..!


Perfeito!
Temos nossa Tannenbaum!