sábado, 21 de fevereiro de 2009

Bremen!

Acorda cedo, se arruma devagar, faz café, prepara um lanche farto, lê emails, responde emails, prepara a mochila, sai antes da hora prevista, chega trinta minutos antes do combinado, gasta menos dinheiro do que o esperado, conhece mais pessoas legais do que o imaginado, e anda por ruas muito mais lindas do que a encomenda. Parece bom, nao? =)
Pois foi assim mesmo.
Bremen é muito lindo e eu nunca imaginei gostar tanto de lá. Ok, Ouro Preto é mais bonito. Mas acho que porque eu nao esperava muito de Bremen, acabei realmente me surpreendendo e adorando!! É cheio de becos estreitos, de lojinhas lindas, de artesanato diferente, de prédios historicos enormes, de história... Tem Straßenbahn (se lê xtrássenbán), aquele "trenzinho" elétrico que fica dando volta na cidade, tipo o bondinho de Belém que nunca sai do lugar... Tem ruas de paralelepípedos cercadas de igrejas antigas, prédios em pedra, bem trabalhados; e é cheio de estátuas legais, tipo a dos Músicos de Bremen, aquela famosa história dos Irmaos Grimm que inspirou o Chico Buarque a escrever os Saltimbancos. =)
Foi uma viagem rapidinha, com a Agência de Au Pair que me trouxe pra cá, e o grupo era de Au Pairs também brasileiros, com alguns convidados alemaes/romenos. E a melhor coisa foi que eu conheci a famosa Giordana, que entrou no mesmo curso que eu na Ufpa, em 2007, e veio logo pra cá, mas que eu nunca tinha visto na vida. Ela tá há um ano aqui, e foi pro Brasil passar duas semanas, voltou Domingo, ainda cheirando a sorvete da Cairu e Arraial do Pavulagem. Cantamos altos bregas juntas e ensaiamos um carimbó, eu, ela e Vanessa, queridissima, que era da minha sala da Ufpa. =D Ah, nada como poder falar "Égua" sem se sentir incompreendida. kkk E já formamos 4 paraenses nesse mundinho velho. (Porque também tem a Raquel, que finalmente encontrei na semana retrasada.)
O resto do povo é divertido, e o Oliver é sensacional. Cheguei a achar que ele era um robô, ou que nao existia, mas ele acabou se mostrando um cara bacana, simples, verdadeiro e com um português de despertar respeito e inveja a qualquer estudante de alemao. =D
Eu ia falar que visitei a fábrica de cervejas Beck's mas nem vou mais. =P Vejam as fotos e pronto!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"O mundo é portátil pra quem nao tem nada a esconder..."




Ah, eu ia tentar explicar essa frase aqui... (coisa da Carol que me colocou a pulga atrás da orelha.) Mas acho que minha explicacao é um tanto lesada, entao vou falar de outra coisa também lesada: eu.

Acordei cedo como em todos os dias úteis e alguns dias inúteis, fiz o café do Luca, com surpresas à parte que nao cabem aqui, e enquanto preparava o Kakao (chocolate quente) e o Schmirwurst Tost (torrada com pasta de salsicha) pro moleque, olhei pela janela, por trás das árvores onde um esquilinho pulava, e vi um céu cor-de-rosa. Preciso falar da minha emocao? Céu cor-de-rosa às 7 e vinte da manha, isso significa um longo dia de sol pela frente. Dito e feito! (ou pensado e acontecido!)

Nem pensei duas vezes, e aproveitando que hoje eu ia ter duas horas de trabalho (ou menos) porque cuidei das criancas ontem quase o dia todo (exagero), me arrumei, fiz um sanduíche e coloquei suco de laranja numa garrafa térmica do Luca, enfiei tudo na mochila com uns livros, dinheiro, minha máquina fotográfica, e saí pra passear... de bicicleta.
Foi a primeira vez que me atrevi a pegar a bicicleta deles, nao porque seja proibido e nem porque eles nao tenham me oferecido ainda, mas porque aqui bicicleta é como carro, e apesar de se andar na calcada, tem via exclusiva, sinais e regras de trânsito. E TODAS as bicicletas têm buzina e lanterna! E em algumas avenidas mais movimentadas tem até semáforo só pras bicicletas.
Enfim, lesada como eu sou, fiquei sem coragem de enfrentar esse mundo à parte, porque ia com certeza acabar fazendo alguma besteira. Mas hoje fazia um dia tao lindo, mas tao lindo (fazia nao, ainda fazendo!) que eu nao resisti e resolvi encarar. Nao sabia pra onde ir, porque o parque onde eu ando com a Felia e onde eu faco cooper (cof cof) de vez em quando é muito pequeno e eu só ia ficar dando voltas e voltas e, desculpem, mas eu prefiro fazer isso ao redor do Alster. Só que o Alster é muito longe daqui e eu tinha hora pra estar de volta. De modo que saí procurando um lugar bonito pra pedalar e acabei pedalando cidade adentro. Tem lugar mais bonito???

Nao!!

Quando eu digo que cada vez que eu saio de casa eu me apaixono mais por essa cidade, nao tô brincando. É sério, é lindo demais, é aconchegante, confortável, macio, é um sentimento de sofá quentinho na frente da lareira numa noite de nevasca. Ok, vocês nao sabem como é uma noite de nevasca e devem preferir um sofá bem gelado, mas entenderam o que eu quis dizer.
O fato é que eu fiquei tao embevecida pela paisagem (pra nao dizer embestada) que... me perdi!!!
Ah, se perder em Hamburgo nao é nada. Se perder em Belém é que é um problema. Aqui tem mapas espalhados por todo canto e em qualquer esquina você pega um ônibus que te leva pra um lugar no mínimo familiar. Mas eu tava de bicicleta, e tinha um tempo de sobra e comida na mochila, entao encarei a dor nas pernas (falta de uso) e pedalei o caminho de volta, deveria servir.
Acabei passando da rua onde deveria entrar e dei de cara com um mini parque bem do lado de uma avenida que pra atravessar a gente precisa apertar um botao (fato que eu desconhecia, de modo que fiquei "feito" lesa esperando o sinal abrir até que uma senhora do outro lado da rua apertou o tal botao).
À luz do sol, com a neve de anteontem ainda derretendo, um riozinho que caía numa cachoeira, cheio de patinhos brincando e criancas nas margens e senhores caminhando com seus cachorros, e passarinhos cantando, um oásis, no meio da selva de pedra.
Mas por aqui é assim... pedra, oásis, pedra, oásis, nunca você fica muito tempo sem se sentir num parque verde cheio de natureza... Quer coisa melhor? Quer lugar melhor, num dia melhor, num humor melhor, pra se perder de bicicleta?

..de ninar...

Vida de neném é difícil mesmo ein... Dormir tanto deve ser ruim, com tanta coisa pra ver, tantos cheiros e sons pra descobrir... Acho que a Felia se sente assim. Porque ela espera até o último suspiro do olho dela, quando ele tá tao pesado que ela nao aguenta mais mantê-lo aberto. E às vezes ela luta tanto pra ficar acordada que até chora como quem diz "naaaao, eu nao quero dormir, por favor!"... Tadinha... Entao depois da mamadeira eu tento fazer a vida dela um pouquinho mais feliz, porque já que ela vai dormir de qualquer jeito, que durma ouvindo... música popular brasileira! Aí eu coloco ela nos bracos e a gente danca na minha sala de estar ao som de Céu, de Vanessa da Mata, de Marisa Monte, Lenine, Roberta Sá e Caetano Veloso, por que nao? =) Ela adora.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

dolores, dólares...

O Miguel Falabela não falou a verdade.
Dor de dente dói mais que dor de saudade.

Olha, até rimou.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Filipe chegou!

Não tinha como ser melhor. O Filipe chegou cheio de presentinhos pra mim na bagagem, mandados pela minha mãe linda e minhas irmãs lindas, com cartinhas e surpresinhas, tudo delicioso. Chegou com suas milhões de histórias e opiniões sobre a vida, chegou trazendo a neve que ele foi buscar lá na Suíça, chegou com um computador rápido pra eu dar um descanso pro meu caracolzinho, e trouxe no computador as fotos mais lindas que fizemos em Paris. Como estávamos com duas câmeras, a minha e a dele, eu tirava fotos dele e ele tirava fotos minhas, e às vezes eu pegava a câmera dele pra tirar foto, e algumas vezes tirávamos a mesma foto com as duas câmeras, mas o resultado foi que eu fiquei cheia de fotos dele comigo e ele cheio de fotos minhas, as quais só vi agora e só vou postar agora também. =) Podem falar a verdade, esse menino sabe tirar foto minha. kkk Família, obrigada pelo pacote, eu amei tudo e não podia ter sido mais perfeito. =* Amo vocês!



















Fotos: Filipe Barata, Eu, Botão Automático da Câmera dele.

Fim de Semana.


As criancas nas árvores.


A Felia.


O macarrao com salsicha ao molho carbonara.


A floresta da bruxa de Blair e suas novas vítimas.


A chuva chatinha.


A porta da igreja de St. Nikolai


Casal feliz na igreja de St. Nikolai


O que sobrou do Crépe com Chocolate Quente.


Facam cara de estou em Hamburgo.


Estamos em Hamburgo!


E tá frio!


Brincando com o Sol!


Fotos bonitas. =D


Nhem!


Maquete legal entre um trem e muitos outros.


Nós em cima de um monte de isopor.


Dá pra ver que tá nevando pedrinhas??


Chegando no Planetarium.


Na frente do Planetarium.


Dentro do Planetarium.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Wir sind Kinder der Sterne.

Relatório do tempo em Hamburgo, Alemanha. Fim de semana que passou.

Sexta-feira. Dia ensolarado, pessoas tirando os casacos e sentando-se em mesas dispostas na frente dos cafés, tomando chocolate nao-tao-quente, quem sabe um suco-de-laranja-de-caixa. Criancas da escola foram liberadas da aula para brincar no parque em frente ao portao, e elas enlouquecidas gritavam e subiam em árvores, podendo ser vistas árvores com até cinco criancas em seu topo. Os cachorros que passeiam todos os dias no caminho ao redor da fazendinha estavam agitados com a falta de frio, tomando banho na água gelada do riozinho quase seco, na tentativa de sentir algo além de calor. Os esquilos achavam que estavam sonhando e nao saíram de suas camas. Os patinhos estavam na água gelada, entao nao viram diferenca nenhuma. As ovelhas da fazendinha estavam triloucas e nao sabiam se ficavam dentro da casinha ou se saíam, ou se berravam béééé ou se brincavam com o novo filhotinho, ou se bebiam água, ou se coSSavam o bumbum na cerca. As galinhas continuaram no galinheiro. Os cavalos comiam e bebiam água do lago que até quinta-feira era só gelo. A Felia dormia no carrinho, aborrecida com o excesso de sol em seu rosto e com o monte de roupas e cobertores em cima dela. A Diana empurrava o carrinho agoniada com o monte de casacos usuais que se faziam mais que desnecessários -- incômodos. De modo que a Diana tirou os casacos e pendurou no carrinho, tirou os cobertores da Felia e pendurou no carrinho, e todos seguiram felizes com sua sexta feira de sol, aquela inusitada sexta feira de sol em pleno inverno-quase-primavera de Hamburgo, Alemanha.

Sábado. Diana acordou cansada, pois na noite anterior estivera conversando até de madrugada com a família na internet, e com os amigos do Brasil que agora se aninhavam na casa dela. Pedro e Izadora haviam chegado na sexta-feira à noite, sem entender por que fazia uma noite tao calorenta, enquanto na cidade de onde eles vinham - a apenas três horas de Hamburgo, Alemanha - só nevava e nevava. A noite de Sexta foi agradável com macarrao e salsicha ao molho carbonara, e família na internet, e conversa até de madrugada. O Sábado acordou preguicoso e nublado, e assim que eles acabaram de se vestir, comecou a chover. A chuva veio chatinha, daquelas que a gente nao vê mas sente a pele molhada. Foi assim o dia inteiro, e até a hora de dormir, ainda chovia. De modo que os programas do dia foram: andar na chuva, reclamar da chuva e assistir uma exposicao de arte do Matisse, para depois sair na chuva e voltar pra casa. Protegidos da chuva pela sala de jantar dos donos da casa, conversaram em inglês, em alemao e em português, fazendo uma salada linguística pra comer com pao e queijo derretido no forno.

Domingo. O céu deu o ar de sua graca. E os três acharam graca do dia nem-bonito-nem-feio-que-pelo-menos-nao-estava-chovendo, se vestiram, tomaram café da manha e saíram em direcao ao novo. Andaram entre os canais, as pontes e os prédios históricos de Hamburgo, Alemanha, e dirigiram-se ao cais para tomar um barco. O barco protegia-os do frio insuportável lá fora, do vento cortante e das nuvens redondas que cobriam o luar, ops! o sol. Os três desejavam nunca chegar ao destino, só para nao precisar sair do seu fiel abrigo. Mas chegaram, e saíram do barco a desbravar o vento e as nuvens, e brincar de esconde-esconde com o sol (aquela era, para ele, a brincadeira preferida do dia). Andaram pela praia de Hamburgo, Alemanha, entraram em alguns restaurantes até sentar enfim em um deles e pedir crépes com chocolate quente. Comerápidoantesquecongele. Fotos lindas aproveitando o sol brincalhao, e entao pegaram o ônibus, depois o trem, e depois outro trem, e mais outro, para chegar enfim à estacao de Borgweg, em frente ao Stadtpark, que os levaria ao Planetarium. Mas enquanto se dirigiam à saída da estacao, Diana fala baixinho, surpresa. Tá nevando...? Foi só falar. A neve caiu em pedrinhas de gelo que quicavam quando batiam no chao, quando encontravam ombros ou maos pelo caminho, e se acumulavam nas dobras da roupa, e molhavam menos que chuva, mas doíam nos olhos. O chao parecia um bolo confeitado de acúcar, com pedrinhas quadradinhas durinhas e branquinhas, como torroes de acucar. Nunca vimos isso na vida...
Os três seguiram correndo, rindo, reclamando, tirando fotos e brincando de guerra de neve até chegarem no Planetarium quase atrasados, até sentar na cadeira reclinável e viajar no espaco.
Somos filhos das estrelas... Daí pro final foi questao de horas. Pedro partiu, de volta à cidade-onde-nevava, e ficaram Diana e Izadora, jantando e rindo e fofocando num restaurante italiano, pra fechar o dia frio-quente-gelado com chave de pizza e tiramisu.