quarta-feira, 27 de maio de 2009

International Picnic

O raciocínio é muito simples: au pairs de todo o mundo vêm para a Alemanha e passam de seis meses a um ano (vezes mais) sentindo saudade dos quitutes de suas respectivas pátrias. E se fartam de quitutes germânicos que nao sao lá muito ruins, mas a depender da família podem ser meio sem sal ou mesmo sem identidade. E mesmo nas viagens pela Europa e afins, devido o nosso salário mínimo nao atender as necessidades todas, muito menos as curiosidades todas, acabamos ficando pelo McDonald's, ou mesmo levando salgadinhos de supermercado (Aldi rules! Oder?) na mochila. E as cozinhas italiana, suica (suissa), finlandesa, francesa, e mesmo as nao-européias, acabam tendo que esperar uma próxima oportunidade. Mas quando ela virá? Hum, decidimos acelerar o processo de reconhecimento culinário internacional, fazendo um piquenique onde cada qual contribuiria com um prato especificamente de sua terra natal. Faltaram ingredientes, faltou dinheiro e faltou um pouco de tempo (no meu caso, tempo pra aprender a cozinhar). Mas algumas coisas funcionaram e tivemos belos e deliciosos exemplos de comidas canadense, americana, suica, italiana, finlandesa, russa e brasileira (nao gracas a mim, natürlich). Na próxima vez entram também a tailandesa e a minha parte da brasilidade, com um bom feijao ou quem sabe um brigadeiro de panela. =)
Ambientado em um parque florido e calmo, com patinhos e um laguinho com uma ponte-cachoeira, o piquenique se deu no dia 21 de Maio, feriado em Hamburgo (pra variar), e foi forcado (forssado) a terminar bem cedo por uma garoa fininha (que mais tarde virou grossinha e ainda mais tarde virou granizo) sem direito a arco-íris, mas com direito a banho de chuva e uma gripe de levis. =D
Confiram as fotos deste inusitado evento, o qual deverá ser muitas, muitas, muitas vezes repetido!!






As brasileiras!


Era muita comida!


Falta a Shannon, que está tirando a foto!

Nao dá pra ver, mas está chovendo granizo!!

sábado, 16 de maio de 2009

Para nao esquecer:



* Voltar aqui ainda nesse verao.
* Comprar uma bicicleta com garupa na frente.
* Trazer meu pai aqui.
* Carregar sempre um cobertor na bolsa, caso apareca um parque de fazer parar o tempo.
* Sentar um dia em uma das pontes daqui com material de desenho.


Amsterdam, 25 de Abril de 2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Trocadilhos

sim, eles também têm!!! Esse vai pros estudantes de alemao, se virem pra entender a piada! =D

"Wenn hier Anna nass macht, dann bin ich das."

"Eifersucht ist eine Leidenschaft, die mit Eifer sucht, Leiden schaft."

domingo, 10 de maio de 2009

Alles gute zum Muttertag. <3

Dia das Maes, todo mundo acorda, toma café, sai e os filhos nao lembram de dar parabéns ou um abraco ou qualquer coisa para a coitada da mae. Já viram esse filme? Pois é, isso acontece com frequência também nos países de primeiro mundo. Na verdade, o único dia que isso é quase impossível de acontecer é no dia de Natal, creio que porque todos estao ansiosos pelos seus presentes e nao têm como esquecer a data. Mas nos demais dias, quando só temos que dar, e nao receber nada em troca, é mais difícil de lembrar. Nao é?
Bem, eu lembrei, nao tinha como esquecer, porque estava muito ansiosa pra ver se as maes iam gostar dos meus presentes.

Mas conversando com a mae daqui, percebi uma certa invejinha quando eu contei que no Brasil o dia das maes era dia de reunir a família toda, e por vezes rolavam homenagens, e tinha uma grande jogada de marketing e consumismo envolvido na história, mas também cartoes carinhosos e cestas de café da manha.
A mae daqui gosta muito de família reunida. Pena isso nao ser tao frequente.

Povo europeu é muito engracado. Primeiro: o assunto preferido deles é o tempo. Quer comecar uma conversa com uma menina na rua? Comenta do tempo. Do dia bonito, da chuva de ontem, ela nao vai achar clichê. E se eles vao comecar uma história? "Ah, ano passado eu estava em Madrid, o tempo estava horroroso..." "Ah, fomos esquiar semana passada. Só chuva, mas no último dia fez um solzao..." "Ah, entao valeu a pena..." "É..."

Outra coisa: eles têm toda a tecnologia possível em todos os aspectos, os melhores carros, os melhores eletrônicos, por um preco mais acessível (ou um salário melhor), toda a parafernália pra satisfazer a mania de novo, a mania de muito e a mania de diferente e original.
Cozinhar é rápido, quase imediato. Assim sobra mais tempo pra comer e degustar. Chegar nos lugares é fácil e prático. Assim tem mais tempo pra ficar lá. Se faz frio, tem a lareira e uma casa aquecida. Se faz sol, tem uma mesa lá fora prontinha pra ser armada, e uma sombra útil pra quem tem a pele muito branca. Se você tem que comprar muitos presentes de Natal e nao tem tempo de escolher um por um, você liga e pergunta o que a pessoa quer, e anota, e compra, e pronto. Todos felizes.

Mas as datas comemorativas sao praticamente as únicas datas quando eles se abracam, quando eles trocam palavras carinhosas, entre parentes próximos mesmo, como irmaos e primos.
E ainda nessas datas, os filhos esquecem, os maridos esquecem, e os aniversariantes/homenageados/etc se frustram e nunca mais esquecem.
E vira piada, pra nao dizer cobranca constante.

Acho que nós brasileiros temos lá nossas birras, nossas manhas e nossas desculpinhas esfarrapadas, mas a gente sabe que nao tem jeito melhor de resolver um lapso de memória que um sorriso e um abraco apertado, mesmo que à forca. E por mais que muitas vezes as amizades sejam superficiais, os sentimentos sejam fugazes e os parentes se sintam obrigados a se reunir, só porque é família, e família a gente "nao escolhe", o ponto é que quando a gente gosta, a gente ama, e a gente fala, e isso faz bem. E ouvir isso faz bem. E abracar faz um bem, que ô...
Você recebe um estranho em casa mas faz tudo pra deixá-lo à vontade, você o acolhe, e logo vocês sao melhores amigos. A quantidade de pessoas que eu conheci em minha vida, pessoas que vi só um dia, mas que eu de vez em quando lembro, e quando eu encontrar de novo eu vou abracar e perguntar, "tudo bem?", e vou ouvir "ótimo, e você?", mesmo que esteja tudo péssimo...

Por esas e outras, a ordem é que todos daqui deveriam ir ao Brasil pelo menos uma vez. E todo brasileiro deveria vir aqui pelo menos uma vez.
A possibilidade de troca, de aprendermos uns com os outros, é infinita, e seria maravilhoso, juntar as duas partes, a parte boa de cada um. O alemao metódico e formal, com o brasileiro sensível e flexível. O brasileiro gentil e espontâneo, com o alemao tímido e inseguro. O inverno alemao com o verao brasileiro, a comida brasileira com a vontade de comer dos alemaes. As belezas do mundo com os olhos de todos, um aprendendo com o outro, o brasileiro aprendendo a prestar atencao e a valorizar. O alemao aprendendo que você nao precisa de álcool pra isso. =P

Mas enquanto isso nao acontece, a gente segue em frente, brasileiros e europeus, todos amando e sendo amados à seu jeito. Mas vem cá, o importante nao é isso mesmo?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Lembranças de um Verão (ou muitos)



Pedalar. Ação diária nos meus anos de Vila dos Cabanos, agora repetida na Alemanha, quase dez anos depois. Quase, não! Mais.
No Domingo pedalei por quase duas horas pelos parques de Paderborn. Pedalei entre árvores, entre riachos e entre fazendas. Pedalei debaixo de chuva. Me lembrei dos fins de semana quando meus primos iam pra nossa casa e pegávamos as bicicletas e pedalávamos embaixo de toró, de doer as costas e de preocupar mães. Eu lembrei das ruas da Vila, sempre tranquilas, ninguém nunca tinha medo de carro nem de caminhão, porque nossas bicicletas eram mais rápidas, ou porque as ruas eram sempre grandes o suficiente pra todos nós. Me lembrei do igarapé do sítio, vendo o riacho com água clara-turva, com algas no fundo. A gente passava o dia nadando e voltava pra casa dormindo no carro. Papai dizia que o igarapé tinha uma energia pura, que nos dava sono quando saíamos de lá. Eu acredito nisso até hoje.
Me lembrei dos dias que eu andei à cavalo na fazenda da Marina, quando eu tinha uns 13 ou 14 anos. O cavalo dela um dia desembestou com ela em cima, e ela caiu feio, acho que quebrou o braço... A fazenda onde eu pedalei tinha cavalos e uma garota treinava um deles, embaixo da chuva... Lá nós compramos aspargos e batatas, e eu lembrei do celeiro, na ida pra Salinas, na época que ele não era pop mas era bom demais... Tinha um balcãozinho no canto, com um tio preparando sucos fresquinhos, e ele sempre tinha tempo de esperar a gente decidir entre o cardápio enorme de sucos, que tinha escrito na parede.
Lembrei da praça Batista Campos, vendo as pontes de madeira que cruzavam os parques onde eu pedalei. Lembrei das praças de Curitiba, floridas no início de Dezembro, quando vi os jardins do Castelo por onde eu pedalei.
E foi assim que eu subi numa bicicleta e pedalei uma máquina do tempo.