segunda-feira, 27 de abril de 2009

I amsterdam

Imagine um cenário de filme.
Você olha para um lado, e vê casinhas antigas coladas umas nas outras, com três, quatro andares, cortinas, vasos de flores e bibelôs nas janelas, umas plaquinhas em estilo europeu, com inscricoes em holandês. Do outro lado, um canal com a água refletindo a luz do sol, refletindo a outra margem com casinhas ainda mais bonitinhas, refletindo pontes de pedra que datam de séculos atrás, refletindo as árvores verdes e o céu azul. Na água passam barcos turísticos e privados, barcos alugados e barcos-casa.
De um dos barcos-casa, sai uma mulher morena de cabelos longos, soltos, caindo na camisola de seda. Ela sai pela janela, vai para a ponta do barco onde mora, se espreguica ao sol, olha em volta, e volta. Um barquinho a motor passa por baixo de uma das pontes mais baixas, com um casal maduro, ele guiando e ela deitada nas almofadas. Outro barco, este sem motor, passa com três jovens amigos, dois deles remando sincronizados.
A cidade respira calma, numa manha de sol que nasceu cedo, antes das seis.
As tulipas vermelhas, amarelas, laranjas, acordam alegres enfeitando os parques que se arrumam pra receber os visitantes do dia: todos deitados na grama, com comidas ou nao, com toalhinhas ou nao, com sapatos ou nao. Às vezes eles deitam no sol, às vezes na sombra. Às vezes eles tomam sorvete. Às vezes nao.
Aos poucos aumenta o fluxo de bicicletas: um homem pedala ouvindo música, uma mulher pedala com seu cachorro a acompanhá-la, um casal pedala de maos dadas, cada um em suas duas rodas, uma família passa pedalando uma bicicleta tripla, outra passa com cada pessoa na sua bicicleta, e as pessoinhas nas suas bicicletinhas. Um garoto pára na esquina por conta do sinal vermelho. Ele guia uma bicicleta com garupa na frente, onde se estira a namorada oriental. Ele aproveita pra tocar os cabelos dela, com a mao, com o rosto, quase nao vê o sinal ficar verde de novo. As campainhas das bicicletas infinitas soam em todas as direcoes, lembrando pedestres desligados que ali é a cidade delas. Amsterdam.
Cidade dos museus, dos canais, das casinhas grudadas, dos barcos-casa, das bicicletas, das tulipas e... dos ilimites.
Uma manha inteira, uma tarde toda, uma energia pura, alegre, de gente alegre que aproveita os segundos que tem. Eu andava feliz, apaixonada, fazendo planos, quero morar aqui! E aí... O sol se poe, o vento ameaca o frio que se expande, a noite cai e as luzes se acendem. As luzes, os isqueiros e as vitrines. É outra cidade.

Eu só penso numa coisa: quero ir pra casa.



(a outra cidade: clique aqui.)




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madretsmA

pessoas pessoas pessoas cheiro de bebida lixo no chao luzes luzes frio sim nao pessoas correndo andando trombando umas nas outras gritando rindo alto cuspindo no chao a roda gigante gira gira e pára no alto uma moca com medo o outro brinquedo mais alto ainda gira gira e vira de cabeca pra cima e pra baixo e gira e quase cai e todos gritam ah nao quero ir lá nao as pessoas passam homens bêbados mulheres super arrumadas pra quê pra quê nao sei nao sei as bicicletas passam cuidado buzina campainha menina com medo do cachorro que fugiu da coleira e latiu pro homem caindo de tonto de bebida de drogas tá frio muito frio quero café fechou chocolate quente no café fechando sorry we're closing sorry closing time tut mir leid wir machen jetzt schluss ok danke sehr frio frio pula! danca! no meio da rua que raiva todo mundo bêbado alle betrunken unter drogen ich bin böse! böse und kalt! o que fazemos agora nao sei, ich weiß nicht, entra nesse café, tá aberto, stop! hard drugs coffee shop aqui nao entro olha pela vitrine todo mundo porre e agora? nao sei. nao tem pra onde ir, o ônibus só sai em três horas entao vamo rodar, rodar, rodar nao pára de andar que tá frio, tá frio. entra nessa loja olha! vacas no teto! é caro, bonito, muito caro, viel zu teuer, nao dá. tô sem dinheiro, olha, brasileiros! melhor nao falar nao, sei lá, de repente... nao tem jeito, bora andar, anda anda ei, o que é aquilo? diana, ich denke das ist reeperbahn. como assim? olha ali! bonecas de biquini em vitrines vermelhas, nao sao bonecas, sao mulheres. nao sao mulheres, sao robôs.. talvez ela tenha razao. sao mulheres robôs, fazem tudo no automático, têm suas falas decoradas, seus movimentos impensados, se mostram em vitrines onde elas só vêem a si mesmas, e todo mundo olha olha e ri ri e olha e passa e olha mais e elas fazem pose pra si mesmas, que triste, gehen wir weiter, ich will hier nicht sein ich auch nicht gehen wir bora bora sair daqui tantos flashs pessoas pessoas turistas todas as línguas riso alto bêbados drogas que é isso como pode? como pode ser tao... tao... nao tem nem adjetivo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Domingo














Frohe Oster!

Nada como um feriado prolongado cheinho de sol pra me tirar do computador. O jardim está florindo, as cadeiras de sol saíram do abrigo, a mesa grande de madeira, com frutas e sucos e refrigerantes, e cadeiras com almofadas ao redor... E um pano branco provendo sombra (da qual nós todos fugíamos a maior parte do dia) dava um clima de casa na praia. Só faltava a praia, claro. E uma água de côco...
Passamos o fim de semana inteiro na arrumacao e no descanso, intercalando trabalho no jardim, leitura ao sol e conversa durante um churrasco. Intercalei também os dias de saída. Saí na Quinta, no Sábado e na Segunda-feira.
Quinta-feira fui conhecer a casa do Volker Fofo. Ele fez pizza (mais pizza do que gente) e eu fiz muffins, e fomos eu e as meninas visitar o bendito fruto do nosso ventre. =P Como sempre, um fofo. O lugar é superlegal. Ele mora em uma casa de estudantes, o que significa um prédio enorme onde os apartamentos sao miniquartos, sem banheiro - só uma pia e uma ducha - e os sanitários sao coletivos e ficam num banheiro tipo banheiro público, no corredor. Nao sei quantas pessoas moram ali. Mas é tipo aqueles filmes americanos, onde todo mundo que vai para a faculdade mora. Cada um com seu quarto, pequenininho, mas com a sua cara, e alguns dividem quarto, outros nao. Tem uma sala conjunta com tv, playstation e sofás, e uma cozinha conjunta com váárias geladeiras, e vááários armários e umas três pias e fogoes! É bem legal. E nas geladeiras, um monte de bilhetes pregados, com horários e convites para festas de aniversário de algum morador da "república".
Lá embaixo tem lavanderia, mais banheiro, armários e um bar com mesa de pingue-pongue. Foi lá que fomos parar no fim da noite. No início éramos sete mulheres e o Volker, no fim ficamos três mulheres e o Volker, rindo de se acabar até as quatro da manha. Muitas fotos hilárias, com direito a montinhos no sofá e até chegamos a dormir de verdade por uns três minutos, algo assim. Mas deu a hora e fomos pegar o trem porque eu moro longe e a Katharina mora depois de mim.
Chegando na Hauptbahnhof (vocês já aprenderam como se fala, né!) descobrimos que o trem que a Kath ia pegar nao funcionava em feriado (e já era madrugada de sexta feira santa) e o próximo só ia ser às 6:11. Ela acabou vindo pra minha casa e dormiu aqui. Acabamos dormindo mais de seis, porque ela é uma tagarela de carteirinha. =) E pior, tagarela em alemao. kkk Mas foi ótimo.
No Sábado, teve Osterfeuer. Osterfeuer é uma fogueira (uma nao - várias.) que faz parte da tradicao da Páscoa alema. Pelo que eu entendi, no sul da Alemanha nao é muito conhecido. Mas a idéia é queimar as últimas árvores de Natal e o que tiver pra queimar (muita gente queima móveis velhos - o Willi queimou umas duas cadeiras) e junto com tudo isso queimar os restícios do inverno que passou - ou está no fim. O fogo espanta os espíritos do inverno, e até um bonequinho eles colocam no topo de cada fogueira, pra representar os tais espíritos, e têm que ser bonecos bem feios porque ninguém gosta de frio por aqui.
E no final, acaba sendo mais motivo pra juntar gente e sujar a praia, e lotar os metrôs e parar o tráfego, e lógico, motivo pros jovens transviados desse fim de mundo se embebedarem até cair. =P Enfim, o que é uma festa santa acaba sendo uma festa pagã. (participacão especial da minha mana Camila que escreveu o ã pra eu colar aqui.) Como sempre. =)
E nós nao fizemos diferente. Tomamos um espumante que nao é champanhe, mas é a bebida preferida da Manuela, e nao é à toa. É bom que só. Fomos cedo à praia de Blankenese, eu, Giordana, Patrícia, Katharina e Pascal-francês-amigo-da-Katharina, e vimos um pôr-do-sol belíííssimo, seguido de duas fogueiras acesas uma atrás da outra. Depois a Shannon e a Ilona se juntaram a nós, e saímos de lá quase meia-noite, o que significa que eu cheguei em casa uma e meia da manha. Aqui em casa estava tendo fogueira também, com amigos dos dois. Cheguei a tempo de ver o Willi apagando a fogueira e a Manuela dizendo boa noite. =P
Hum, no DOmingo fiquei em casa. Foi dia de Páscoa, o que significa acordar cedo (ainda preciso melhorar meu alemao-logo-após-abrir-o-olho, mas a verdade é que logo que eu acordo eu só funciono em português.), procurar ovinhos de páscoa no Jardim, tomar café da manha em família com direito a chocolate de entrada, ligar pro Brasil - rápido porque tá pegando - e conversar com a Eva. Aqui eles têm MUITO chocolate na Páscoa. Muito mais do que nós. Mas tem um ponto importante: Nao tem ovos grandes. Tem coelhos grandes, caixas grandes, mas os ovos sao todos pequetitos.
Segunda-feira foi feriado. A Alemanha é o país que mais tem feriados no mundo. E eles aproveitam cada um, em cada minuto, do jeito que der.
Encontrei com a Shannon-Ilona-Patrícia-Giordana e fizemos um pique-nique na margem do Alster. Mais uma vez, me apaixonei por Hamburgo. Essa cidade nao cansa de me surpreender. Eu já tinha ido lá, mas nunca naquela parte em especial. Várias pessoas faziam pique-nique em grupos, e muita gente com seus cachorros, alguns casais nos bancos na ponte (parecia Paris!) e um monte de gente de patins e bicicleta, ou fazendo cooper. E as flores, ai as flores... Lindo demais. O lago, as árvores cada vez mais verdinhas, os cisnes! Belo, gente. Belo. Nao tem como nao se apaixonar.
Nosso pique-nique foi de espaguete e chocolate. E coca zero. Mas foi culpa do feriado, que nao deixou ninguém abrir suas lojas pra nós comprarmos um pique-nique adequado. (Aqui nao existe nada 24h. Talvez só a McDonalds da Hauptbahnhof. Mas nem no Domingo você pode fazer compras - NADA abre. Absolutamente nada!) Foi divertido e relaxante. E as fotos só podiam ter saído melhores se tivéssemos ido mais cedo.
E acabou! O fim de semana, o feriado, a páscoa na Alemanha, schon vorbei. E agora, de volta à vida escrava de computador, internet e despertador às 7 da manha! =)