sábado, 10 de março de 2012

Poema de metrô

E apesar da brisa gelada
E do frio provocante
E dos carros em rasante
E da água que subia
E apesar da calmaria
E dos becos tão desertos
E dos braços descobertos
E da noite que caia
E do corpo que doía
E do medo, e do grito
Veio um cheiro de eucalipto
Relembrar a minha infância
Me vi de novo criança
Destemida e medrosa
Época deliciosa
Descobertas, esperança
Foi assim, numa lembrança
Que, enfim, morri em paz.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Hino Flashmob

Estou há um mês trabalhando numa escola no estado de São Paulo, onde faço estágio e curso formação de professor. A escola é enorme, com um número enorme de funcionários e alunos, que convivem diariamente das 7 às 19, cada um na sua função, como uma boa comunidade. Tudo funciona muito bem, para os padrões das escolas brasileiras normais, e para isso todos vivem cercados de regras, escritas ou não, que zelam pela boa convivência, pelo bom aprendizado e, claro, pela boa reputação.
Hoje eu estava lá, me preparando para voltar para casa, mas não sem antes comer um dos croissants maravilhosos que eles vendem na lanchonete, e eu me dirigia para a área onde as crianças desfrutavam daquele momento adorado chamado recreio, intervalo ou pátio, como eles chamam aqui. Vocês conhecem esse momento lindo, né? 15 minutos de pura felicidade: brincadeiras, jogos, lanche, amigos, para deleite das crianças e desespero dos auxiliares.
Então.
Imaginem a cena: eu andando pelo corredor, onde as crianças correm, gritam e são felizes, quando do nada todos somem e um silêncio cai sobre nossas cabeças. Achei que o intervalo tinha acabado, mas continuei andando para o meu croissant.
De repente, eis que eu ouço uma música conhecida. O hino nacional! Tocando bem alto, ressoando pelos corredores e jardins, imponente em sua versão completa. Fui contente andando pela escola cantando o hino (amo o nosso hino) e reparando que algumas pessoas estavam paradas me olhando. Aí reparei que todas as pessoas estavam mesmo PARADAS. Na xerox, na lanchonete, no pátio, todos os funcionários largaram o que estavam fazendo, levantaram e, parados e eretos, acompanhavam o hino nacional. E foi só acabar a música, que a vida, a correria e a gritaria recomeçou, e todos voltaram ao trabalho. Parecia um flash mob!
Não cheguei a ver as crianças, mas descobri depois que elas estavam ao redor da bandeira. Achei muito interessante!
Pena que eu soube tarde demais que devia ficar parada cantando respeitosamente... Seria um mico a menos nas minha lista (que já tá bem grande por sinal). Na próxima eu faço direito. :)