segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Amigas de Infância

Amanda: Desculpa a demora, tia, é que a gente trocou de sapatos.
Sofia (mostrando os pés): É, olha só!
(entram na sala desfilando)
Amanda: A gente vai trocar de volta quando chegar na casa da Sofia.
Sofia: É, a gente é melhor amiga, faz tudo juntas!
Amanda: É.
Sofia: Tia, sabia que a gente é amiga de infância?? A gente se conhece desde o Maternal!
Amanda (abaixada pegando caneta na mochila): NADA DISSO! A gente se conhece desde que a gente nasceu!
Sofia: Ah, é!! Desde que a gente nasceu!!
Tia: Ah, é? Tanto tempo assim?
Sofia: É, eu ia nascer, e aí a minha mãe ligou pra mãe dela, e elas foram juntas pro hospital e a gente nasceu juntas!
Amanda: Foi!
Sofia: É, eu conheço a Amanda desde que eu nasci.
Tia: Mas vocês lembram disso??
Amanda: Claro, a gente tem foto, tem vídeo...
Tia: Ah, tá, mas lembrar lembrar, nao, né... Vocês eram bebezinhos!
Sofia: Mas eu lembro sim, tia! Eu lembro direitinho de quando a gente nasceu!! Juntas!
Amanda: Eu também.






Minhas aluninhas de... 7 anos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Edição de Colecionador

Tem gente que coleciona moedas antigas, outros colecionam selos, cartões-postais, alguns colecionam corações partidos. Eu coleciono placas. É. Placas. Eu amo placas... Foi com elas que eu aprendi a ler, me fascinavam (já aos 2 anos de idade) aquelas letras, aqueles símbolos, aqueles desenhos que desfilavam, passavam por mim quando andávamos de carro pela capital, e eu via pela janela aquelas placas-por-toda-parte, e me fascinavam. Até hoje vejo nelas um brilho, me saltam aos olhos, me chamam, parece que me contam seus segredos a toda hora. As de carro me permitem brincar com os significados escondidos, e volta e meia encontro alguém para me ajudar a desvendá-los. Desde que aprendi alemão ficou mais fácil encontrar palavras dirigindo por aí.
Tenho muitas. Lixeiras falantes, nomes de ruas, adesivos de carro, pára-choques de caminhão, pare, vire, cuidado com as renas, atenção: neve na pista, até uma bruxa voando eu já achei numa placa de trânsito. E as placas de carro marcam nos álbuns de viagem os lugares por onde eu passo. Tenho muitas, tantas! Letras e números, às vezes bandeiras. Um dia vou escrever uma frase com elas. Quem sabe um texto inteiro.



Algumas delas estão aqui.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Diana não mora mais aqui."

Nova Iorque, flat no Bronx, seis da manhã. Um homem responde às perguntas impertinentes do agente da polícia sobre sua ex-namorada. Ela se mudou tem 11 meses, apesar de tantas horas de conversas e brigas na tentativa desesperada de salvar o amor de seis anos... Ele colabora sonolento, querendo que aquilo acabe logo. Preocupado e magoado, não quer deixar transparecer que secretamente ainda sente a falta dela... Casinha antiga num Vilarejo de Klagenfurt, Áustria. Portas e janelas fechadas, portão quebrado, jardim abandonado. "Diana não mora mais aqui", diz a vizinha encostada na porta entreaberta da casa ao lado se dirigindo ao carteiro confuso, que vê o sobrenome certo na caixa de correio de uma casa visivelmente vazia, e fica sem saber o que fazer com a correspondência destinada àquele endereço. Parece importante, um envelope gordo, mas sem remetente. A curiosidade o invade... "Diana não mora mais aqui." Do outro lado do telefone, a portuguesa explica para a voz de sotaque brasileiro que não, não sabe onde ela está, se foi sem deixar endereços ou roupas no armário. Fazia tempo que ninguém ligava atrás dela... Silêncio. Cortinas voando. Belém do Pará, num apartamento com vista para orelhões quebrados. Um grilo entra pela sacada e canta cri-cri-cri, na sala escura, cri-cri-cri, móveis cobertos, cri-cri-cri, tudo é poeira, cri-cri-cri, diz ele ao vento:
- Diana não mora mais aqui.