terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Diana não mora mais aqui."

Nova Iorque, flat no Bronx, seis da manhã. Um homem responde às perguntas impertinentes do agente da polícia sobre sua ex-namorada. Ela se mudou tem 11 meses, apesar de tantas horas de conversas e brigas na tentativa desesperada de salvar o amor de seis anos... Ele colabora sonolento, querendo que aquilo acabe logo. Preocupado e magoado, não quer deixar transparecer que secretamente ainda sente a falta dela... Casinha antiga num Vilarejo de Klagenfurt, Áustria. Portas e janelas fechadas, portão quebrado, jardim abandonado. "Diana não mora mais aqui", diz a vizinha encostada na porta entreaberta da casa ao lado se dirigindo ao carteiro confuso, que vê o sobrenome certo na caixa de correio de uma casa visivelmente vazia, e fica sem saber o que fazer com a correspondência destinada àquele endereço. Parece importante, um envelope gordo, mas sem remetente. A curiosidade o invade... "Diana não mora mais aqui." Do outro lado do telefone, a portuguesa explica para a voz de sotaque brasileiro que não, não sabe onde ela está, se foi sem deixar endereços ou roupas no armário. Fazia tempo que ninguém ligava atrás dela... Silêncio. Cortinas voando. Belém do Pará, num apartamento com vista para orelhões quebrados. Um grilo entra pela sacada e canta cri-cri-cri, na sala escura, cri-cri-cri, móveis cobertos, cri-cri-cri, tudo é poeira, cri-cri-cri, diz ele ao vento:
- Diana não mora mais aqui.

3 comentários:

Filipe Baratta disse...

Hã?? Não entendi. Te mudaste? Foi isso?

Diana disse...

se é assim que você vê, assim será. =)

Sarah disse...

poética rsrs!
beijinhus e boa semana!