domingo, 19 de setembro de 2010

Cartas na Mesa


Li ontem uma matéria sobre o Medo, na Vida Simples. Uma edição de 2009, porque há tantas ainda não lidas lá em casa, que de vez em quando eu pego uma antiga assim pra ficar com ela na bolsa durante a semana, e folhear sempre que tiver um tempinho. Ontem eu tive mais que um tempinho, porque meu vô tá no Hospital e eu fui lá ficar com ele, e enquanto ele via Tv eu não conseguia estudar, então abri a revista e li umas páginas. Uma entrevista com a esposa do Jimmy Page, que fundou uma Instituição de apoio a projetos que trabalham com crianças de rua no Brasil, inspirador! Dois parágrafos sobre reaproveitamento do cocô de alguns animais na fabricação de papel - um deles cheira a rosas! Muito divertido. =) Uma matéria linda sobre um francês que é pura arte, e que atravessou de ponta a ponta (oito vezes) uma corda bamba que ele ligou entre as duas torres gêmeas, décadas atrás. Belo...
E aí fui pra matéria da capa. "Enfrente seu Medo".
Por que escolhi especificamente essa revista, dentre todas as outras, para entrar na minha bolsa essa semana? O motivo foi bem simples, como o nome da revista. Eu estava com medo.
Há uns dias encontrei uma taróloga que tinha sido contratada para ler o futuro de todos os convidados da festa (aqueles que quisessem saber do futuro, claro...). Minha primeira reação foi "Deus me livre!"... Mas, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que, se não aproveitasse a chance de saber meu futuro "de grátis", ia me arrepender pra sempre. Então lá fomos nós, eu e mais todo mundo, colocar nossos nomes na lista de atendimento. Era gente que não acabava mais, coitadinha da cigana...
Lá pro fim da festa chegou a minha vez, e, ao contrário da previsão de todos os outros convidados, que depois de ouví-la vieram falar pra gente das fortunas que iriam ganhar, eu ouvi meu destino e preferi me calar. Não tinham fortunas... Algumas alegrias, até mesmo um final feliz, mas uma notícia iria me assombrar pro resto da semana.
Aí, pronto: medo instalado e um soco no estômago que não queria mais sair.
E dá-lhe a Diana andar na rua ouvindo e vendo tudo de novo, as cartas na mesa, os olhos profundos que me falavam das decepções que me aguardavam...
E nada adiantava gritar pra si mesma, "presente, Diana! Volta pro presente! Ele que tu tens, ele é que importa!"... O medo ainda estava lá.
Achei que a revista pudesse me ajudar. Mas só fui ter coragem de ler (lembrando que coragem nem sempre é o oposto de medo) depois que a angústia havia diminuído e eu já tinha caído em mim, e entendido que, na verdade, medo é inútil.
A reportagem, porém, me despertou reflexões interessantes. Por exemplo, que nossos medos não são como os instintos animais, que servem para a própria proteção contra o perigo que se revela nos sentidos. Nós sabemos que vamos morrer, e sabemos que ter medo da morte não faz com que nos livremos dela. Sabemos que podemos ser assaltados, e o medo do assalto faz com que fiquemos em casa, perdendo muitas coisas boas da vida e, ainda assim, que jamais estaremos 100% em segurança.
Mas uma frase da revista me fez dar um novo sentido, uma utilidade ao nosso medo. "Se hoje um dos nossos maiores medos é o de fracassar, é porque uma das nossas maiores buscas é o sucesso." É isso! Os medos servem para que reconheçamos os nossos próprios desejos, nossas vontades, que se escondem atrás deles. Conhece teus medos e vais saber o que procuras. Se tens medo de perder uma pessoa, é porque queres justamente o contrário (ou talvez porque não queres ficar sozinho...). Se tens medo de falar em público, de passar vergonha, de ser julgado, é porque te importas com o que os outros pensam, apesar dos teus maiores esforços em desmentir esse fato. Ao saber esses pequenos detalhes, esses desejos, por vezes defeitos, muitas vezes virtudes, podemos nos conhecer melhor e mudar o que estiver precisando de mudança.
E da mesma forma que o que achamos dificil revela o que a gente ainda não sabe, mas pode vir a saber se enfrentarmos a dificuldade, o medo revela o que ainda não temos, mas podemos vir a ter se enfrentarmos esse monstrengo que a gente, meio inconscientemente, só faz alimentar e acariciar, até que ele nos devora.
Quanto à espiadela no futuro, vá lá, eu tava com medo de saber o que viria, e com razão. Mas enfrentei o medo (ok, só porque a curiosidade venceu), espiei, e agora? Me resta aceitar. A Mitologia, a Literatura e mil filmes já falaram dos perigos que residem na tentativa de mudar o seu próprio destino. Mesmo o Espiritismo diz que somos nós mesmos que traçamos todo esse caminho, antes de nascer. Mas a verdade é que quando reencarnamos esquecemos de tudo, e nem o passado nem o futuro se deixam conhecer por inteiro, até que tenhamos uma consciência completa de nós mesmos e do mundo. Então, pra que se estressar? O presente é o mais perto que eu posso chegar da verdade, e dele depende tudo o que vem depois.
Basta aceitar o presente, e aceitar o presente de grego que o destino às vezes é, e aceitar as pessoas como são, e me aceitar como sou, com minhas vontades, minhas impefeições e todinhos os meus medos.

E por mais difícil que isso seja, não é impossível. E, como eu li na revista, "quem não tenta, não experimenta, já fracassou."

3 comentários:

Sarah disse...

eu nunca fui na sortista, justamente por medo d ficar encucada! ja pensou? rsrs
espero q tdo termine bem!
beijinhos pra ti e otima semana!

Luiza Montenegro Duarte disse...

Adorei, Di. Esquecemos disso no nosso dia a dia: o medo é justamente um termômetro dos nossos desejos.

E bem, essas cartomantes mentem! hehe. Ainda mais essa, que já tinha atendido uma multidão. Já devia estar descalibrada.

Diana disse...

Pois é, Sarah, eu também tinha, até que esbarrei numa total kostenlos! =) kkk
Mas de que adianta saber o que vem por aí, né? Se tem alguma coisa que possa ser feita, já estamos fazendo sempre. E se não tem nada, não tem nada, paciência! Ficar encucada, ninguém merece né! =P

Lu, tenho tentado lembrar disso sempre que sinto medo ou sentimentos derivados. "O que esse sentimento quer me dizer?" É fácil esquecer, mas depois que a gente lembra é fácil identificar e eu logo me sinto bem de novo. =) engraçado...
E quanto à cartomante, vai ver que é verdade... Mas pelo menos me deu uma boa reflexão né! kkk
Ah! E o teu convite tá lindo! <3

Beijos!