domingo, 8 de fevereiro de 2009

Wir sind Kinder der Sterne.

Relatório do tempo em Hamburgo, Alemanha. Fim de semana que passou.

Sexta-feira. Dia ensolarado, pessoas tirando os casacos e sentando-se em mesas dispostas na frente dos cafés, tomando chocolate nao-tao-quente, quem sabe um suco-de-laranja-de-caixa. Criancas da escola foram liberadas da aula para brincar no parque em frente ao portao, e elas enlouquecidas gritavam e subiam em árvores, podendo ser vistas árvores com até cinco criancas em seu topo. Os cachorros que passeiam todos os dias no caminho ao redor da fazendinha estavam agitados com a falta de frio, tomando banho na água gelada do riozinho quase seco, na tentativa de sentir algo além de calor. Os esquilos achavam que estavam sonhando e nao saíram de suas camas. Os patinhos estavam na água gelada, entao nao viram diferenca nenhuma. As ovelhas da fazendinha estavam triloucas e nao sabiam se ficavam dentro da casinha ou se saíam, ou se berravam béééé ou se brincavam com o novo filhotinho, ou se bebiam água, ou se coSSavam o bumbum na cerca. As galinhas continuaram no galinheiro. Os cavalos comiam e bebiam água do lago que até quinta-feira era só gelo. A Felia dormia no carrinho, aborrecida com o excesso de sol em seu rosto e com o monte de roupas e cobertores em cima dela. A Diana empurrava o carrinho agoniada com o monte de casacos usuais que se faziam mais que desnecessários -- incômodos. De modo que a Diana tirou os casacos e pendurou no carrinho, tirou os cobertores da Felia e pendurou no carrinho, e todos seguiram felizes com sua sexta feira de sol, aquela inusitada sexta feira de sol em pleno inverno-quase-primavera de Hamburgo, Alemanha.

Sábado. Diana acordou cansada, pois na noite anterior estivera conversando até de madrugada com a família na internet, e com os amigos do Brasil que agora se aninhavam na casa dela. Pedro e Izadora haviam chegado na sexta-feira à noite, sem entender por que fazia uma noite tao calorenta, enquanto na cidade de onde eles vinham - a apenas três horas de Hamburgo, Alemanha - só nevava e nevava. A noite de Sexta foi agradável com macarrao e salsicha ao molho carbonara, e família na internet, e conversa até de madrugada. O Sábado acordou preguicoso e nublado, e assim que eles acabaram de se vestir, comecou a chover. A chuva veio chatinha, daquelas que a gente nao vê mas sente a pele molhada. Foi assim o dia inteiro, e até a hora de dormir, ainda chovia. De modo que os programas do dia foram: andar na chuva, reclamar da chuva e assistir uma exposicao de arte do Matisse, para depois sair na chuva e voltar pra casa. Protegidos da chuva pela sala de jantar dos donos da casa, conversaram em inglês, em alemao e em português, fazendo uma salada linguística pra comer com pao e queijo derretido no forno.

Domingo. O céu deu o ar de sua graca. E os três acharam graca do dia nem-bonito-nem-feio-que-pelo-menos-nao-estava-chovendo, se vestiram, tomaram café da manha e saíram em direcao ao novo. Andaram entre os canais, as pontes e os prédios históricos de Hamburgo, Alemanha, e dirigiram-se ao cais para tomar um barco. O barco protegia-os do frio insuportável lá fora, do vento cortante e das nuvens redondas que cobriam o luar, ops! o sol. Os três desejavam nunca chegar ao destino, só para nao precisar sair do seu fiel abrigo. Mas chegaram, e saíram do barco a desbravar o vento e as nuvens, e brincar de esconde-esconde com o sol (aquela era, para ele, a brincadeira preferida do dia). Andaram pela praia de Hamburgo, Alemanha, entraram em alguns restaurantes até sentar enfim em um deles e pedir crépes com chocolate quente. Comerápidoantesquecongele. Fotos lindas aproveitando o sol brincalhao, e entao pegaram o ônibus, depois o trem, e depois outro trem, e mais outro, para chegar enfim à estacao de Borgweg, em frente ao Stadtpark, que os levaria ao Planetarium. Mas enquanto se dirigiam à saída da estacao, Diana fala baixinho, surpresa. Tá nevando...? Foi só falar. A neve caiu em pedrinhas de gelo que quicavam quando batiam no chao, quando encontravam ombros ou maos pelo caminho, e se acumulavam nas dobras da roupa, e molhavam menos que chuva, mas doíam nos olhos. O chao parecia um bolo confeitado de acúcar, com pedrinhas quadradinhas durinhas e branquinhas, como torroes de acucar. Nunca vimos isso na vida...
Os três seguiram correndo, rindo, reclamando, tirando fotos e brincando de guerra de neve até chegarem no Planetarium quase atrasados, até sentar na cadeira reclinável e viajar no espaco.
Somos filhos das estrelas... Daí pro final foi questao de horas. Pedro partiu, de volta à cidade-onde-nevava, e ficaram Diana e Izadora, jantando e rindo e fofocando num restaurante italiano, pra fechar o dia frio-quente-gelado com chave de pizza e tiramisu.

Nenhum comentário: