segunda-feira, 13 de julho de 2009

Berlin - Reloaded

"Fui à floresta porque queria viver intensamente. E sugar a essência da vida! Deixar de lado tudo o que nao era vida. E nao, ao morrer, descobrir que nao vivi."

Pois é, fui a Berlin porque queria viver intensamente. A idéia era chegar lá na sexta à noite, sair, voltar de madrugada, depois acordar, ver a cidade, sair no sábado à noite, voltar de madrugada, acordar no Domingo, ir a Potsdam e voltar Domingo à noite pra Hamburgo, pra só entao dormir direito, afinal de contas, dormir é para os fracos.
Bem, nao saiu tudo muito como o planejado.
Sexta, cinco da tarde, eu de mala pronta e arrumada esperando o Willi chegar pra poder sair correndo e pegar o trem das 17:24. Às 18h eu tinha que estar na Hauptbahnhof para encontrar uma tal de Kathi, que eu encontrei num site que é agência de caronas.

Falemos brevemente sobre esta agência.
Todos sabem que na Alemanha existe as famosas Autobahns, estradas que ligam as cidades do país inteiro e da Europa inteira, onde em vários trechos inexistem limites de velocidade. Assim, é prático e rápido chegar a qualquer lugar que você queira, de modo que uma viagem a Berlin tem a mesma duracao de uma "viagem" Belém-Salinas.
O preco da passagem de ônibus para Berlin, se você marcar com um mês de antecedência, pode sair por 9 euros. Isso se você tiver sorte, ou se nao estiver indo no verao. Mas nao era o meu caso, entao a outra alternativa seria o preco normal do ônibus, que é 26 euros o trecho. Ou entao de trem, que varia de 29 euros se você marcar com pelo menos três semanas de antecedência, a 60 euros, se você for de ICE, o trem-bala daqui.
Enfim, a alternativa mais barata seria 52 euros, Hamburgo-Berlin-Hamburgo de ônibus, viagem de no mínimo três horas e com chances grandes de companhias nao muito agradáveis.

Mas as melhores coisas da vida nao têm preco, e para todas as outras, existe a internet. Esta possibilita que encontremos pessoas que estao indo de carro para o mesmo lugar que nós, no mesmo horário que desejamos ir, e o melhor, sozinhas. Assim, elas oferecem lugar no carro delas por um preco simbólico, que na verdade é pra ajudar com a gasolina, essas coisas.

O preco máximo da carona pra Berlin é de 15 euros. Eu achei uma menina, Katharina, que dizia assim "de mulher para mulheres. Meu carro é um Ford Focus, com cinco anos de viagens sem acidentes. Sempre viajo a Berlin e já levei muitas pessoas de carona. Se estiver interessada, mande SMS ou email. As três primeiras vao comigo! Abracos, Kathi. :)". Assim, com sorrisinho e tudo! Achei uma fofa. E depois tinha um "PS: se três pessoas forem, fica mais barato!".
Liguei na mesma hora. Ela nao atendeu. Mandei email. "Oi Kathi, aqui é a Diana, eu gostaria muito de ir com você a Berlin. Ainda tem vaga? Meu telefone é... Obrigada!". E torci.
Pouco depois recebo a resposta dizendo "sim, ainda tem uma vaga! Fico feliz em levá-la! Vamos nos encontrar em... Meu carro é um Ford Focus Azul. Abracos, Kathi."
Ai, que emocao! Minha primeira carona!

Bom, cheguei no ponto de encontro meia hora antes. Esperei, esperei... Tava chovendo... Tinham mais pessoas ao meu redor que também pareciam esperar alguém. Perguntei pra uma senhora ao meu lado se ela ia pra Berlin. Ela disse num alemao muuuuito ruim que nao, que ia pra Frankfurt. Seis horas em ponto, vejo um carro azul. Era ela? Mandei mensagem "estou aqui!" e ela veio correndo na chuva, perguntando: "você é a Diana?"

Foi o início de três ótimas horas. No carro tinham mais duas meninas, uma de Berlin e a outra de Hamburgo. 25 e 24 anos, e a motorista tinha 23. Falamos só alemao, claro, eu zonzinha de tao rápido que elas falavam, e sem parar, mas foi só eu dizer que era do Brasil e choveu perguntas e comentários pro meu lado. A Kathi de 25 foi ao Brasil em Fevereiro, conheceu SP, RJ e Parati, e se apaixonou pelo país e pelas pessoas. A Kathi de 23 vai ao Brasil ano que vem e depois pras Olimpíadas, porque ela fez intercâmbio na Franca e conheceu quatro brasileiros de Fortaleza com quem fala até hoje. A de 24 cujo nome eu esqueci nunca foi ao Brasil mas foi a primeira a dizer "Cool!" quando eu disse que era de lá. E ela já foi Au Pair na Franca também, e agora tá escrevendo o TCC dela.

As três eram mais altas que eu, e falavam cheias de gírias, até aprendi algumas. A Kathi de 25 me convidou pra uma festa no Sábado, a estréia do apartamento de uns amigos dela em Berlin, que ela nem sabia se iam gostar de ela estar convidando gente assim pra festa deles...

Foi o máximo. Chegamos em Berlin num frio danado, e eu esperei umas duas horas na estacao, até a Paty chegar pra me buscar, só pra eu nao precisar comprar um ticket.
Chegamos na casa do Enrique, amigo da Paty que tá fazendo doutorado em Berlin. Jantamos, nos arrumamos e opa, comecou a chover. Pois é. Primeiro dia de saída já melou. Ficamos em casa, a Paty dormindo e nós três vendo "The Notebook" com um pacote de lencinhos na mao, até três da manha.

Sábado de Sol, hum, bem, nao. Sábado nublado, eu e a Arianna, a italiana, nos lancamos ao mundo pra descobrir Berlin com nossas próprias lentes. A cidade tem duas linhas de ônibus que passam exclusivamente pelos pontos turísticos, a linha 100 e a linha 200. As duas saem do mesmo lugar, o Zoologicher Garten. E se você comprar um Tagesticket, que é a passagem pro dia inteiro, e custa em torno de seis euros, você pode andar, claro, o dia inteiro, com qualquer meio de transporte público de Berlin, inclusive esses ônibus.

É ótimo, a gente vê um ponto interessante, desce, olha, tira foto, volta pra parada e pega o próximo ônibus, e desce no próximo ponto, e assim descobre Berlin sem nem precisar de mapa. Ou sim? Bom, um mapa ajuda, mas nao precisa necessariamente. O resultado foi que a gente andou a cidade quase toda, viu um montao de coisa, até pegou um solzinho, e se cansou pra caramba. No fim do dia estávamos as duas mortinhas e eu com uma enxaqueca sem nocao. Cheguei em casa e me joguei no colchao sem nem tirar o sapato, e antes de apagar, tomei uma neosaldina, e só fui abrir os olhos à uma da manha, quando a Arianna estava de pijamas indo dormir e a Patrícia e o Enrique já tinham ido pra farra. Blé. Perdi mais uma noite. E nem fui pra festa da Kathi...

Domingo. Acordei cedo. A Arianna já estava pronta pra sair. O dia estava lindo, o sol estava à toda, e ela nao queria perder nem um segundo. Confusoes à parte, pulemos pra parte interessante. Eu, a Paty e o Enrique embarcando num trem pra Potsdam, uma cidadezinha do lado de Berlin, famosa pelos seus castelos e Jardins seculares. Gente, é lindo!! Vale cada minuto. Perdemos um tempao descobrindo como chegar lá, mas a UMA hora que passamos lá valeu pelas fotos.
Depois de passear por entre as milhoes de estátuas e flores, voltamos a Berlin correndo, porque a minha carona de volta era às 19h em ponto. Desta vez nao foi tao divertido. Mas as pessoas no carro eram legais, apesar de termos passado as três horas e meia quase todas em silêncio. Eu estava cansada, na estrada choveu bastante, o rádio estava ligado, entao fomos cada um no seu mundo, trocando palavras aqui e ali, muitas das quais eu nao entendi muito bem, entao fiquei meio alheia a tudo.
Cheguei em casa às dez e meia, faminta, imunda e kapput.
Saldo: Por 12 euros de ida e 12 euros de volta, mais alguns euros no supermercado e outros em souvenires, ganhei quase quinhentas fotos, muita história pra contar e alguma experiência nos quesitos hitchhiking, backpacking e couchsurfing. =) Valeu, povo! =*


A Princesa Léia pendurada na minha mochila.

Bandeira da Alemanha, como uma tocha, em cima de mim.

Memorial do Holocausto.


Eu e Arianna ao sol. =)

Brandenburger Tor
Siegessäule
Reichstag
Schloss Sans Souci, Potsdam





Um comentário:

Fernanda Fernandes disse...

ah viajei com você, muuuuito legal!