terça-feira, 16 de agosto de 2011

Túnel do Tempo

Aeroporto de Liboa, 12 de Agosto de 2011

[...] poucas coisas por aqui são de fato normais, ao menos pros nossos padrões. Só um exemplo: ontem fui cortar o cabeo. Sentei na cadeira em frente ao espelho, depois de passar um tempo de molho no tanque, e aí o cabelereiro virou minha cadeira e disse: Podes te levantar, por favor?" [...] E aí eu levantei, ele pegou um pente e uma máquina (daquelas de cortar cabelo de homem) e cortou meu cabelo. Em pé. Eu estava em pé! E em dois minutos tava pronto, ele nem usou tesoura.
[...] É uma terra maluca, mas é linda, linda, linda... A cidade é toda uma mistura de Santa Teresa (Rio), São Luís, Ouro Preto e... Lisboa. Andando pelas ruas, várias vezes me peguei sem a mínima idéia de em que parte do mundo eu tava! Foi tipo um branco, eu de repente não sabia mais onde eu tava, e tinha que fazer esforço pra lembrar que eu tava em Lisboa. Isso nunca tinha acontecido!! A não ser, claro, naqueles primeiros instantes, quando a gente acorda. Sabes?
Então. A cidade é cheia de ladeiras, becos e avenidas, mistura asfalto e paralelepípedos, shoppings e aquelas vendinhas de mil novecentos e antigamente.
Tem a parte nova da cidade, mas eu não fui lá.
Por isso pra mim, de um modo geral, parecia que a cidade tinha parado no tempo... E a impressão que dá é de uma volta ao passado, um passado que eu nem conheci. Os nomes das ruas são os melhores!
Rua da Bica do Sapato. Rua Calçada Bonita da Praia Seca (ou algo assim). [...] Rua das Pretas. Ali perto da rua das pretas eu achei uma pichação no muro: "pretos fora". (E depois vi uma praça onde tinha uma inscrição, em todas as línguas: Lisboa, cidade da tolerância.)
Aqui tem pichação por todo lado. Algumas bonitas, outras feias, outras normais [..]. Os grafites geralmente são excelentes. Em toda parte tem frases, mensagens, às vezes ofensivas, às vezes poéticas. Achei ontem um stêncil de coraçõezinhos. E outro onde se lia "aqui podia morar gente", na parede de casa abandonada caindo aos pedaços.
A pobreza é visível... Muito estrangeiro, muito brasileiro. Muito, muito turista. Os bondinhos antigos só andam lotados. Os ônibus nem tanto.
Comi pastel de Belem em Belém, perto da torre de Belém, que fica na beira de um rio que, infelizmente, fica muuuito longe da Baía do Guajará... O Nilson Chaves cantou que "os rios da minha aldeia são maiores que o de Fernando Pessoa" - e é verdade, mas nenhum é tão azul quanto o rio Tejo...
Na Alfama (um bairro antigo), em meio às casas com roupas penduradas embaixo da janela, em toda esquina tem um restaurantezinho, pra sentar embaixo das bandeirinhas e luzinhas amarelas (resquícios das Festas Juninas), tomar sangria de vinho branco (deliciosa!) e comer sardinha (eca!).
Ou então pra sentar na mesa de uma casa de Fado, onde Fado tem hora pra começar e acabar, e passar 40 minutos morrendo de calor, porque na hora do Fado eles fecham tudo, trancam as portas e apagam as luzes, e tudo que resta é a luz das velas, o som das guitarras portuguesas, o canto triste dos fadistas e a sangria pra aliviar a sede.
Fado é lindo. Guitarra portuguesa é celestial... Comprei um CD do cara considerado o melhor de todos os tempos na tal guitarra. O apelido dele era "o homem dos mil dedos". Ouvindo a música, a gente acha que tem duas guitarras ou mais tocando, mas só tem uma. [!!!]
A vontade que dá é de ficar aqui uns meses, só pra passear pelas ruas inclinadas, descobrir cantinhos escondidos e provar as delícias que encontramos pelo caminho. Bom, quatro dias não são uns meses, mas foi bom mesmo assim.
Agora é a vez de Barcelona nos encantar com seus detalhes. =)
O avião chegou: hora de embarcar!
Barcelona, cá vamos nós!!



Comendo O pastel de Belém

Não disse que eles não são normais? (eu amei esse livro!!!)

Fonte pra refrescar...

Torre de Belém

Pegando um vento...

Bondinho antigo.

Torre de Belém

Melhor sorvete!!

As ruas aqui têm esses nomes super básicos.

ídolo Fernando Pessoa

a melhor Sangria de Vinho Branco

Casa de Fado

Mensagem na frente de uma casa. Reza a lenda que a dona estava muito doente, e muitas pessoas deixaram flores na porta dela, e ela mandou fazer esses azulejos para agradecer.

Mensagens ótimas espalhadas pela cidade...

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