terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Orgulho e Preconceito

Vocês já viram a distância entre a Alemanha e a Turquia? Tem bem uns 10 países entre elas. E sabiam que dentre as cidades que mais têm habitantes turcos, a terceira fica na Alemanha?
Quando a Manuela estava no Hospital, ela dividiu o quarto com um casal turco que também tinha acabado de ter neném. O marido falava um alemao culto, com muito vocabulário e quase sem sotaque. A mulher nao falava alemao nenhum. As visitas que ela recebia eram de pessoas turcas, que falavam turco e usavam lencos na cabeca e roupas cheias de pano. Eu acho lindo. Mas fiquei me perguntando... por que?
Willi me explicou que após a Guerra, a Alemanha estava praticamente no chao. Tudo muito destruído, e os Estados Unidos investiram muito dinheiro para que o país se reerguesse. Havia o dinheiro, o espaco e muita vontade de crescer, só o que faltava era mao de obra. De modo que pessoas estrangeiras, principalmente da área mais pobre da Turquia, onde há pessoas morrendo de fome todos os dias, e nao há educacao, nem trabalho, e cada um sobrevive do que planta, enviaram seus homens fortes para a Alemanha, para trabalhar e ajudar a sustentar suas famílias na Turquia. Nao precisava de instrucao, nem da lingua. Só de músculos.
Assim, com o passar do tempo, grandes comunidades turcas se instalaram por todo o país, e cresceram, e cresceram, e hoje estao na terceira ou quarta geracao, mas sem muita interacao com a sociedade local.
O que ocorre é que devido ao fato de a cultura turca ser muito diferente e conservadora, com seus casamentos arranjados e suas tradicoes, onde os homens saem para trabalhar e as mulheres mal saem de casa, eles vivem no seu mundo, com seus restaurantes, suas lojas, às vezes até mesmo suas proprias escolas, sem necessidade de aprender o idioma do país. Isso gera alguns conflitos inclusive entre os membros da família, pois os jovens conhecem pessoas alemas, têm amigos alemaes, falam alemao e querem se divertir como jovens alemaes (afinal eles nasceram aqui!). E os pais nao aceitam, a familia acha ruim e eles enfrentam uma batalha diária (principalmente as meninas) para conseguir entrar na Universidade, ter empregos e construir suas vidas como preferirem.
Nao é regra sem excessao. Manuela e Willi têm alguns amigos turcos, mas que vivem sua cultura, mas com um toque "moderno". Mantêm algumas tradicoes, mas interagem com a sociedade onde vivem, falam o idioma e seguem as regras.
O principal problema desse quadro é que alguns jovens, em sua maioria homens, nao aceitam as duras regras da sociedade turca, e tambem nao querem ser alemaes. Nao conseguem emprego facilmente e nao fazem parte das próprias famílias, por revolta contra sua rigorosidade. Assim, acabam na marginalizacao, e parte dos problemas com crimes na Alemanha sao atribuídos a esse tipo de gente. Isso gera um preconceito contra os turcos, o mesmo que os negros sofrem em alguns lugares.
Isso me fez pensar que em toda parte há esse tipo de história. Sempre vai ter a sociedade pobre que se instala no meio do país rico, mas sem se misturar, por medo de perder sua própria cultura. De quem é a culpa? De quem chega ou de quem recebe? Uma coisa leva à outra... E como anda o preconceito no Brasil?

Um comentário:

Rafael Galdêncio disse...

Assim que anda o proconceito no Brasil: http://www.sedentario.org/artigos/vamos-atirar-pedras-no-danilo-gentili-18310

Estão vendo pêlo em ovo.