terça-feira, 31 de março de 2009

Novela Mexicana

Ô povinho pra gostar de viajar, esses europeus viu... O resultado é que as passagens de trem, ônibus e aviao variam de preco do mais esculhambado ao mais chique no úrtimo. A passagem da moda é a de grupo. Pega um grupo de amigos, cinco pessoas bastam, e vocês pagam de seis a sete euros pra passar um fim de semana em qualquer canto da Alemanha. Tem ticket que te leva até à Dinamarca, mesmo que seja o cantinho sul dela.
Aproveitando que estamos na Alemanha, somos cinco e gostamos de viajar, resolvemos pegar o tal ticket. O ticket pode ser usado do jeito que a gente quiser, e às vezes é válido até para o transporte local da cidade-destino. Ou cidadeS-destino. Se você estiver à procura de números, visite quantas cidades conseguir em quarenta e oito horas. E corre! Porque tem muita coisa pra ver.
Bem, convida daqui, convida outra ali, acabamos sendo mais que cinco pessoas. Éramos seis. Que nem a novela. Fato nao muito agradável, pois o ticket é para no máximo cinco pessoas, de modo que teríamos que comprar dois tickets, e o preco ia sair quase o dobro. Eu nao vou, vocês vao. Nao, de jeito nenhum, eu que tô sobrando, vocês vao. No way! Eu fico. Fomos todas. Tudo gracas a uma mexicana que furou. A verdade é que a diferenca entre com a mexicana e sem a mexicana nao era tao grande assim, mas somos todas au pairs, e onde se lê "au pair", leia-se "pobre de marre de ci".
Com uma hora de atraso (em parte por minha culpa, em parte por culpa da mexicana), deixamos de drama e partimos para Lübeck. Lübeck é a cidade que abriga o aeroporto (que na verdade é um barraco onde os avioes pousam) com as passagens mais baratas de Hamburgo. Você consegue passagem para Londres por cinco euros, mais taxas. E com sorte, as taxas nao vao ser tao altas. Eu já tinha, por uma infelicidade do destino, conhecido o tal aeroporto, e a ida para lá doeu no peito, e a volta para lá foi muy bizarra, entao resolvi ir nessa aventura de trem com as meninas, para ver se curava meu trauma.
O dia estava chuvoso, chatinho e frio. Mas éramos seis, e seis é quase sete, que é o número da perfeicao. Sete e sete sao catorze, com mais sete vinte e um, gatos têm sete vidas, a alma tem sete camadas, o mundo tem sete maravilhas, sete mares e sete continentes (se dividirmos a América em três, como é de praxe).
E éramos quase sete, o que faz qualquer coisa uma boa coisa. E nos divertimos muito. Visitamos algumas igrejas de Lübeck, uma delas com um calendrário astronômico, enorme e complexo, que me fascinou. E lendo as histórias do bombardeio à cidade durante a Guerra, as meninas descobriram que o aniversário de 67 anos do Bombardeio era justamente naquele dia, onde estávamos naquela Igreja, vendo aquelas ruínas! 29 de Março de 1942!! Louco, né!
Andamos, andamos, fotografamos e rimos muito. E terminamos nosso tour ainda a tempo de... visitar outra cidade!!
Chegamos à Estaçao de Lübeck no último minuto, a tempo de pegar o trem em direçao a Kiel, mas nossa intençao era descer antes, em uma cidade da qual nenhuma de nós jamais ouviu falar, mas que era pequenininha, e dava pra ser vista em cinco minutos. Visitaríamos essa cidade e depois iríamos a Kiel, fazendo um três em um, bem misturado e servido gelado em taça de plástico.
Descemos em Plön. A estaçao de Plön era uma casa (que estava fechada), uma calçada com a máquina de tickets e uns bancos, dois trilhos de trem e, logo ao lado dos trilhos, um caminho à margem de um lago. Nao sabíamos como chegar no caminho, entao olhamos para um lado, olhamos para o outro e... atravessamos os trilhos! Preciso dizer que tiramos mil fotos nos trilhos? Com direito a foto deitada, sentada, andando e em grupo. Lógico, com muitos olhos atentos a qualquer sinal de qualquer trem que se aproximasse.
Andamos pela margem do lago, que era lindo, e de onde víamos quase toda a cidade. Me lembrou o Wörthersee, só que sem montanhas. E fomos ao cais, e voltamos, e entramos no centro da cidade, que é do tamanho da Praça da República, se nao menor. De lá fomos ao "Castelo" da cidade, um casarao antigo, branco, em uma colina, de onde tínhamos outra vista do lago. Muito melhor que a paisagem e que as construçoes, claro, é a palhaçada, as fotos e a Jenn pegando um balao da lanchonete e brincando com ele a tarde inteira, que nem uma criança. Adoro essa menina.
Naturpark, Rathaus, uma mansao com um Jardim enorme, tudo ao redor do lago e pertinho, mas acabamos ficando lá a tarde toda e desistimos de Kiel.
Pegamos o trem de volta a Lübeck, e depois outro de volta a Hamburg, e no caminho de volta, o sol resolveu aparecer e nos presentear com um fim de tarde de cartao postal.
Em Hamburg, sete e meia da tarde (porque aqui já é horário de verao), pegamos o barco que já peguei tantas vezes com minhas visitas turísticas, e vimos o pôr-do-sol lá de cima, e descemos na "praia" de Hamburgo, e caminhamos até o fim, só chegando em casa às dez, quase onze da noite.
Entao, foi que nem na novela. Começa-se com um bom plano de vida, encontra-se um bom dramalhao e uma indecisao do que diabos fazer com o futuro, e acaba-se aproveitando o presente e fazendo um bom final cansado, mas feliz. =)

Nenhum comentário: